Tóquio – Um cidadão norte-americano de 52 anos entrou na justiça contra o governo japonês por ter sofrido agressão física de guardas da Imigração de Tóquio, em junho do ano passado.
Segundo uma reportagem da agência de notícias Jiji Press, Mark morava no Japão, mas retornou ao Estados Unidos temporariamente e quando tentou voltar ao país em 2018, a autorização de reentrada não estava mais válida.
Ele teve o desembarque negado pelos agentes de imigração e foi levado para o centro de detenção em Tóquio, onde ficam os estrangeiros que estão com residência ilegal e no processo de deportação.
O problema relatado no processo teria ocorrido em junho do ano passado. Os detentos receberam sabonetes como medida preventiva ao coronavírus, mas o homem, que sofre de asma, achou que o cheiro afetaria sua condição e recusou.
A atitude teria despertado a ira dos guardas. O laudo do processo conta que Mark foi levado para uma sala individual, onde sofreu agressões físicas e ferimentos.
Ele solicitou as imagens da câmera de segurança, que mostram um grupo de guardas em volta do homem. Ele é imobilizado e tem a cabeça e o pescoço pressionado pelos joelhos de um guarda, sofre chutes nos quadris e é algemado no chão, com as mãos presas nas costas.
“Fui tratado como um animal. Ainda sinto dores nos quadris e nos ombros. Sofro ataques de pânico quando vou dormir e acordo muito assustado”, disse em coletiva de imprensa.
Em razão das agressões, Mark está pedindo ¥30 milhões de indenização ao governo do Japão. A Imigração de Tóquio comentou que a notificação do processo ainda não chegou e quando receber, irá analisar o conteúdo e lidar com o caso de forma adequada.
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Problemas nos Centros da Imigração
Os centros de detenção para estrangeiros com residência ilegal no Japão, administrados pela Agência de Imigração tem sido alvo de escândalos frequentes, com casos de agressões físicas, negligências de saúde e morte de detentos.
Um dos casos recentes mais notórios é o da cingalesa Wishma Sandamali, de 33 anos, que morreu durante a detenção no Centro de Imigração de Nagoya (na província de Aichi).
Há evidências de que ela sofreu negligência de um problema de saúde e sem o tratamento adequado ou a autorização de liberdade provisória, acabou vindo à óbito.
As irmãs de Wishma já vieram do Sri Lanka ao Japão em busca de respostas pelo caso e a situação ainda está com pendências. Um dos pontos que entraram no foco da discussão pública foi a possibilidade de liberar as imagens das câmeras de segurança nas últimas semanas antes da morte da estrangeira.
Essas imagens foram liberadas apenas para a família e com cortes. As irmãs cobram pela divulgação completa e pública, para que o caso seja esclarecido e as medidas cabíveis sejam tomadas.
Os problemas nos Centros de Imigração do Japão alertam para a necessidade de revisar o sistema, considerando os direitos humanos das pessoas que são submetidas ao cárcere, muitas vezes durante anos, por causa de problemas com o visto.