Osaka – Um Hospital em Osaka está a beira do colapso. O aumento de casos de coronavírus na província e o consequente aumento no número de pacientes em estado grave, que precisam de internação, tem provocado um cenário alarmante.
Uma reportagem do jornal Nikkei Shinbun frisou a situação delicada na região. Durante seis dias seguidos a contar da data 13 de abril, foram mais de 1 mil novos casos por dia, chegando ao pico de 1.220 no último domingo (18).
A situação não parece a ponto de melhorar. Nesta terça-feira (20), a província contabilizou mais 1.153 novos casos e o governo local solicitou ao governo central do Japão a declaração de um novo estado de emergência.
A emissora NHK mostrou a situação delicada no Centro Médico de Nakakawachi, administrado pelo governo da província e localizado na cidade de Higashiosaka.
A instituição conseguiu preparar leitos novos para pacientes graves, mas os telefones não param de tocar e dezenas de pedidos diários de atendimento estão sendo recusados.
No último dia 16, o Centro Médico preparou 10 novos leitos, mas a equipe de médicos e enfermeiros continuou a mesma e na segunda-feira (19), todos os leitos estavam ocupados.
“Há muitos pacientes tratando sintomas graves. Se o quadro de saúde estabiliza minimamente, nós transferimos o paciente para liberar o leito a outro. Estamos sempre trocando dois ou três pacientes de leito”, explicou Hitoshi Yamamura, diretor da instituição.
Mesmo assim, os pedidos são muitos e têm obrigado o hospital a negar atendimento emergencial para pacientes que podem estar em risco de vida.
“Cerca de 80% dos atendimentos emergenciais do último dia foram casos de covid-19. Tivemos que recusar o atendimento de 20 casos suspeitos, ou de pacientes que estavam em casa, mas sentiram dificuldades de respirar”, lamentou.
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Hospital em Osaka e “desastre natural”
A sobrecarga em cima do Hospital em Osaka tem lembrado o cenário comum após um grande desastre natural, quando há muitos feridos na cidade e as instituições hospitalares não conseguem dar conta de todos os casos.
“O nível atual equivale ao cenário após desastres como o Grande Terremoto e Tsunami de Tohoku, ou o Grande Terremoto de Hanshin-Awaji, que devastou Kobe na década de 1990. A diferença é que ápos um desastre, o cenário na cidade é compatível ao dos hospitais e agora temos cidades aparentemente normais e hospitais em crise”, relatou Yamamura.
Por causa da falta de leitos, a instituição também está precisando fazer escolhas sobre quais pacientes internar, considerando o histórico médico, a idade e os riscos.
O governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, solicitou ao governo central do Japão mais um estado de emergência e deve tomar medidas mais rígidas para barrar a transmissão local. A cidade de Osaka, capital da província, é a segunda mais populosa do país.
“Estamos em uma situação de dezenas de pacientes graves sem atendimento emergencial e sem vagas na UTI. Precisamos barrar a circulação de pessoas e evitar novos contágios, ou a situação não irá melhorar”, advertiu.
Medidas preventivas
O governo de Osaka já tomou providências como a solicitação de redução do horário de funcionamento de restaurantes e bares na capital, que devem fechar às 20h.
No entanto, as medidas estão sendo vistas como insuficientes para combater o cenário atual e o próximo passo é voltar com o estado de emergência, pedir a suspensão de atividades de trabalho que gerem aglomerações e o fechamento temporário do comércio e locais de entretenimento.
O governo local também tem cogitado uma ação conjunta emergencial com os governos das províncias vizinhas na região de Kansai, Hyogo e Quioto, que também estão enfrentando um elevado número de novos casos diários da doença.