A Rússia afirmou nesta quarta-feira (28) que adotará medidas retaliatórias caso os Estados Unidos instalem mísseis no Japão. A declaração foi feita pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que classificou a ação como uma ameaça direta à segurança russa.
A agência japonesa Kyodo informou no último domingo que Japão e EUA estão desenvolvendo um plano militar conjunto para lidar com uma possível emergência em Taiwan. Segundo a reportagem, esse plano incluiria a instalação de unidades de mísseis nas Ilhas Nansei, nas províncias japonesas de Kagoshima e Okinawa, além das Filipinas.
Zakharova acusou o Japão de exacerbar as tensões em torno de Taiwan como justificativa para aprofundar a cooperação militar com Washington. “Advertimos repetidamente que, se mísseis americanos de médio alcance forem posicionados em território japonês, isso obrigará a Rússia a fortalecer sua capacidade de defesa”, afirmou.
A Rússia sinalizou sua disposição para responder de forma “decisiva e simétrica”, destacando sua nova doutrina nuclear, que ampliou os cenários possíveis para o uso de armas nucleares. Na segunda-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, também afirmou que a Rússia poderia implantar mísseis de curto e médio alcance na Ásia caso os EUA fizessem o mesmo.
Zakharova, no entanto, não especificou onde a Rússia posicionaria essas armas, mas lembrou que metade do território russo está na Ásia. Ela concluiu reforçando o potencial militar do país, mencionando o recente teste bem-sucedido do míssil hipersônico Oreshnik.
A escalada retórica entre Rússia, EUA e Japão reflete a crescente tensão geopolítica na região do Indo-Pacífico, marcada pela disputa de influência sobre Taiwan e pelo fortalecimento de alianças militares.