Nesta quarta-feira, o Japão completa cinco anos desde o primeiro caso confirmado de COVID-19 no país. Durante este período, mais de 70 milhões de pessoas teriam contraído o vírus até março de 2023, enquanto o número total de mortes chegou a 130 mil em agosto de 2024, segundo dados do governo.
Embora o número de óbitos anuais tenha diminuído após o pico durante o surto da variante Ômicron em 2022, as fatalidades continuam significativamente superiores às causadas pela gripe sazonal. O vírus segue se espalhando em ciclos, especialmente no verão e no inverno.
Yuki Furuse, professor de doenças infecciosas na Universidade de Tóquio, destacou que a infecção de grande parte da população era esperada, mas afirmou que “o rápido desenvolvimento de vacinas eficazes, combinado com outras medidas, ajudou a reduzir a gravidade dos surtos”. Furuse também alertou sobre a necessidade de manter sistemas de controle de infecções para mitigar o impacto da doença.
Testes de sangue realizados pelo Ministério da Saúde em março de 2023 indicaram que 60,7% das pessoas em 22 das 47 províncias do Japão possuíam anticorpos, sugerindo uma infecção anterior. Extrapolando esses dados para toda a população, estima-se que pelo menos 73 milhões de japoneses tenham contraído COVID-19 ao menos uma vez.
Entre 2020 e agosto de 2024, foram registradas cerca de 132 mil mortes relacionadas à COVID-19, em contraste com 3.600 mortes por gripe no mesmo período. Apesar de a COVID-19 ter sido reclassificada como uma doença de mesma categoria que a gripe sazonal em maio de 2023, seu impacto permanece evidente. Essa reclassificação levou o governo a parar de divulgar dados diários de novos casos, que agora são relatados por 5 mil instituições médicas designadas.
Adicionalmente, subsídios para medicamentos de tratamento da COVID-19 foram gradualmente eliminados, gerando preocupações sobre a relutância da população em buscar atendimento médico, mesmo em casos suspeitos. Isso tem dificultado a avaliação precisa da disseminação do vírus.
O impacto da pandemia foi além das mortes, contribuindo para a queda nas taxas de natalidade e o aumento nos índices de suicídio. Em hospitais e instalações de cuidados, restrições rigorosas de visitas ainda persistem. O relaxamento das medidas de distanciamento social também levou a um aumento de outras infecções, como gripe e pneumonia por micoplasma.
Para fortalecer a resposta a futuras pandemias, o Japão estabelecerá em abril uma organização inspirada no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). A nova entidade fornecerá recomendações ao governo sobre grandes surtos de doenças infecciosas, aplicando as lições aprendidas durante a crise do coronavírus.