Uma sequência intensa de terremotos vem sacudindo a região costeira das Ilhas Tokara, ao sul do Japão, desde o dia 21 de junho. Até a noite da última quarta-feira (25), a Agência de Meteorologia do Japão (AMJ) contabilizou 432 tremores, superando o ritmo registrado em períodos anteriores de alta atividade sísmica, como em 2022.
O sismo mais forte até o momento foi um de magnitude 5,1, ocorrido no domingo (22), por volta das 17h. Dentre os mais de 400 abalos registrados, seis ultrapassaram magnitude 4. A AMJ alerta que há possibilidade de ocorrer um terremoto de maior intensidade nos próximos dias e pede à população que mantenha a vigilância.
Segundo a agência, “há registros de atividades sísmicas que se prolongaram por várias dezenas de dias na região. Por enquanto, é essencial estar atento a possíveis tremores fortes”.
Análise geológica aponta causas da atividade intensa
Especialista em geologia marinha, o professor associado Yokose Hisayoshi, da Universidade de Kumamoto, explicou que a topografia singular do fundo do mar ao redor das Ilhas Tokara é um dos principais fatores por trás da frequência e concentração dos abalos sísmicos.
As ilhas Akusekijima e Kodakarajima, que fazem parte do arquipélago, estão localizadas sobre a Fossa de Ryukyu, uma zona de subducção onde a Placa Marinha das Filipinas mergulha sob a Placa Eurasiática. De acordo com o professor Yokose, esse processo ocorre a uma taxa de aproximadamente 6 centímetros por ano.
Durante essa subducção, montes submarinos e grandes elevações conhecidas como planaltos oceânicos pressionam a placa terrestre, acumulando tensão que, eventualmente, se libera na forma de terremotos. “Essas estruturas geológicas no fundo do mar têm grande influência sobre a atividade sísmica da região”, afirmou.
Dois padrões identificados
Com base em dados sísmicos das últimas décadas, o professor identificou dois padrões comuns nessas sequências:
Fase inicial (cerca de 5 dias): intensa e frequente atividade sísmica;
Fase seguinte (cerca de 2 semanas): redução no número de tremores diários, mas aumento na magnitude dos sismos.
Ele alertou que o atual surto pode estar no primeiro pico de atividade. “Embora os eventos do passado não se repitam necessariamente da mesma forma, existe o risco de ocorrer um terremoto de magnitude 6. Recomenda-se extrema cautela”, enfatizou.
Nenhuma relação direta com o temido Nankai Trough
Sobre o temor de que os tremores nas Tokara possam influenciar um grande terremoto na região da Fossa de Nankai (Nankai Trough), o especialista descartou essa possibilidade. “Apesar de ambas as regiões envolverem subducção de placas oceânicas, a estrutura geológica é distinta. Na Fossa de Nankai, a topografia submarina não favorece o impacto direto de montes ou planaltos submarinos contra a placa terrestre”, explicou.
A AMJ continua monitorando de perto a situação e reforça que moradores e autoridades locais devem manter os protocolos de segurança e se preparar para a possibilidade de novos tremores significativos nos próximos dias.