Uma manifestação de pequeno porte organizada no domingo (23), em Hamamatsu, Shizuoka, por um ativista contrário à presença de imigrantes no Japão, evidenciou um cenário inesperado: enquanto dois grupos japoneses se posicionaram de forma oposta no local, a presença da comunidade estrangeira foi quase inexistente.
De um lado, apoiadores do ativista ecoaram críticas à permanência de imigrantes no país. Do outro, um grupo maior de japoneses ergueu cartazes, utilizou megafones e adotou um discurso firme contra o racismo, reforçando que atitudes discriminatórias não representam os valores de convivência e respeito defendidos por grande parte da sociedade japonesa.
Apesar da relevância do tema para a população estrangeira, apenas cinco imigrantes foram identificados entre os presentes, número considerado extremamente baixo para uma cidade que abriga milhares de trabalhadores e residentes de outros países. A ausência chamou a atenção e levantou questionamentos sobre a representatividade e o engajamento da comunidade em debates que impactam diretamente sua vida no Japão.
A economia japonesa, amplamente integrada a setores que dependem da mão de obra imigrante — como fábricas, transporte, agricultura, serviços e logística —, conta diariamente com trabalhadores estrangeiros que lidam com barreiras linguísticas, regras rígidas e alta carga tributária. Mesmo assim, enfatizam especialistas, a participação desses grupos em ações públicas que envolvem seus direitos ainda é limitada.
A falta de mobilização, apontam analistas, pode transmitir a percepção equivocada de desinteresse ou até de concordância com discursos discriminatórios. Em um país que preza pela harmonia, respeito e postura pacífica, a presença organizada de estrangeiros é vista como fundamental para reforçar sua legitimidade enquanto parte integrante da sociedade.
Organizações de apoio a imigrantes destacam que a construção de uma comunidade coesa exige participação ativa, especialmente em momentos em que narrativas de rejeição ganham visibilidade. Segundo essas entidades, é necessário que trabalhadores estrangeiros — que já desempenham papel essencial na economia e no cotidiano das cidades japonesas — se posicionem de forma serena e unificada quando seus direitos e contribuições são questionados.
A manifestação em Hamamatsu reacende o debate sobre a representatividade dos imigrantes e a urgência de fortalecer a consciência coletiva do grupo. Mais do que reagir a discursos de ódio, especialistas afirmam que é preciso demonstrar presença, união e responsabilidade social para assegurar respeito e reconhecimento dentro da sociedade japonesa.





