Tóquio – Quem gosta de jogos sabe que é uma ótima forma de passar o tempo livre e aliviar o estresse. Dos consoles aos jogos de smartphones, as oportunidades de se divertir estão por todos os lados.
O problema é quando a atividade se torna viciante e passa a gerar conflitos de relacionamento, a ponto de fragilizar ou acabar com um casamento.
Na segunda-feira (7), uma publicação enviada no fórum anônimo Hatena Tokumei Diary agitou a plataforma. Segundo o portal Nikkan Joshi SPA, o post era de uma mulher que estava angustiada com o marido e pedia conselhos.
Ela contou que o marido estava viciado no jogo Splatoon da Nintendo e por isto, pensava em se divorciar.
“Quando ele está em casa, passa o tempo todo jogando. Não tem contato com a filha que nasceu no ano passado e quase não conversamos. Ano que vem será lançado o Splatoon 3 e penso na possibilidade de me divorciar antes disso”, desabafou.
A publicação rendeu uma série de comentários, inclusive de outras mulheres em situação parecida. O portal conversou com algumas mulheres que vivem um drama parecido. Confira algumas histórias:
O marido que se tranca no banheiro
Yukiko (nome fictício) é mãe de duas crianças que estão na creche. O marido é viciado no jogo “Monster Strike” e ela contou o que tem passado em casa.
Sempre que o meu marido tem tempo livre ele ficar jogando este jogo. Não apenas em casa, mas também quando estamos fora. Se tiver um evento, ele fica o tempo todo no jogo. Em um momento eu explodi com ele, pedi que parasse de jogar.
Ele pareceu ter percebido que passa tempo demais jogando e tem sido ruim para nós. Ele pediu desculpas neste dia e disse que iria reduzir o tempo jogando. Depois disso, houve uma mudança.
Meu marido começou a passar mais de 30 minutos trancado no banheiro. Antes era no máximo 10 minutos. Ele começou a me dizer que estava com dor de barriga, mas um dia esqueceu de trancar a porta e eu entrei sem saber. O peguei sentado no vaso, jogando aquele jogo.
Ele viu que se jogasse na minha frente, eu ficaria brava, então passou a se trancar. Eu fiquei furiosa por causa da mentira e ele prometeu parar com o jogo. Chegou a parar por um tempo, mas agora recomeçou e eu não sei o que fazer.
“Eu posso porque sou adulto”
Midori (nome fictício) vive o drama dos jogos não apenas com o marido, mas também com os filhos. O casal tem duas crianças que estão no segundo e no quarto ano da escola primária.
As crianças estão viciadas no Splatoon e passam o tempo jogando online com os amigos. Isto faz com que durmam tarde e o meu marido dá bronca neles, diz que estão jogando demais e precisam dormir.
Só que ele mesmo também está viciado em um jogo de celular. Eu digo o mesmo para ele, que está jogando demais e precisa dormir. Ele olha para mim e diz que ele pode, pois os adultos podem. Mostra um comportamento ilógico na frente das crianças.
As crianças estão em fase de crescimento e precisam dormir, mas os adultos também precisam para não ter problemas de saúde. Não existe isto de “não tem problema se for adulto”. Eu digo que ele tem que dar o exemplo para os filhos, mas não adianta. Já estou desistindo disto.
Divórcio por causa de jogos
Maki (nome fictício) é uma japonesa que não ficou só na ameaça do divórcio. Ela se separou do marido depois que a situação do vício em jogos chegou no limite dentro de casa.
Meu ex-marido ficava jogando nos dias úteis e fins de semana. Passava pelo menos 5 horas por dia com o jogo. Nos piores momentos, fazia as refeições enquanto jogava. Eu fala com ele e ele balançava a cabeça, mas não estava ouvindo nada.
A situação se agravou tanto que já não conversávamos mais. Ele não era capaz de ver mais nada que acontecia além do jogo e isto também influenciou negativamente as crianças. Um dia eu escondi o console dele, acreditando que assim poderíamos conversar. Ele disse que era para eu me conformar, pois ele não iria mudar.
No dia a dia, eu sentia que não eram apenas os jogos. O jeito que ele agia e falava, eu sofria um pouco de assédio moral. Percebi que seria ruim para as crianças se continuássemos assim e pedi o divórcio.