Tóquio – Assim que a nova cepa do coronavírus, a Ômicron, foi identificada pela primeira vez em novembro na África do Sul, o Japão tomou atitudes drásticas e que desagradaram a Organização Mundial de Saúde (OMS). A variante trouxe a suspeita de ser uma mutação ainda mais contagiosa e resistente do que a “delta” e o governo japonês não perdeu tempo diante de uma nova ameaça para a saúde pública.
O país mal havia começado a flexibilizar as medidas de quarentena e novas entradas de estrangeiros e voltou para a estaca zero da pandemia: as fronteiras foram fechadas, novas entradas de cidadãos internacionais foram proibidas, a não ser por questões humanitárias reconhecidas.
O governo japonês tenta prevenir a disseminação da nova cepa no país, mas mesmo assim, a ômicron já adentrou o território nipônico. O primeiro caso identificado pelas autoridades de saúde foi de um diplomata da Namíbia, país no sudoeste da África, que desembarcou no Aeroporto de Narita, em Tóquio, com a variante e sintomas leves.
Na quinta-feira (2), o que chamou atenção nas notícias da mídia japonesa foi uma fala do diretor-executivo do Programa de Emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, que disse que era “díficil de entender” as medidas adotadas pelo Japão no combate ao coronavírus.
O Japão efetivou um dos planos mais rigorosos de fiscalização dos cidadãos que chegam ao país e quarentena obrigatória. Quando os casos baixaram, o governo chegou a voltar a aceitar novos residentes que entrariam no país como estudantes de intercâmbio e viajantes a negócios, mas não demorou para implementar medidas mais duras.
De acordo com as medidas atuais, que sofrem alterações constantes, apenas cidadãos japoneses e estrangeiros residentes, com autorização de reentrada, podem entrar no país e as regras valem pelo menos até o fim do mês de dezembro. E não são medidas apenas para os países que já confirmaram casos da nova variante, mas para estrangeiros de qualquer lugar do mundo.
Em coletiva de imprensa, Michael Ryan disse que as medidas do Japão não são nem lógicas e nem efetivas do ponto de vista da higiene pública.
“O vírus não se importa com nacionalidade e nem com autorização de permanência no país. É difícil de entender o que o Japão está fazendo”, justificou.
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Repercussão no Japão e críticas à OMS
De acordo com uma reportagem do Portal Tokyo Sports, o que pipocou nas redes sociais do Japão foram comentários que criticam a OMS e a fala do diretor de emergências.
O termo “rikai konan” (difícil de entender) entrou para os tópicos populares do Twitter, uma das redes sociais mais utilizadas pelos japoneses. Muitos internautas comentaram que “não se pode confiar na OMS” e que era “difícil de entender” a ideia de Mike Ryan sobre ser “difícil de entender” o que o Japão está fazendo.
Houve ainda comentários questionando o que há de errado no governo do Japão tentar proteger sua população e ainda críticas dizendo que se for seguir as orientações da OMS, a nova cepa vai se espalhar facilmente.
A OMS apresenta um pensamento contrário às medidas de proibição de viagens, mas incentiva medidas preventivas para fortalecer a segurança das viagens áreas, com a efetivação dos testes PCR e cuidados para evitar a transmissão.