Tóquio – Os chamados “hokenjo”, instituições que fazem o controle de animais do Japão, mataram mais de 23 mil cães e gatos sem dono no período de um ano. A estatística foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente e se refere ao ano fiscal de 2020, que vai de abril de 2020 até março de 2021.
Segundo uma reportagem do jornal Asahi, foram 23.764 animais sacrificados em todo o Japão. O número é absurdo, mas já foi muito pior. Desde 1974, este é o menor número de mortes de pets que o país já registrou.
Nos últimos 10 anos, o número caiu para quase 10% do que costumava ser. No ano fiscal de 2010, foram 204.693 animais mortos. Os dados variam muito de acordo com a localidade. Em algumas províncias, ações tem sido tomadas para diminuir as mortes, enquanto que em outras, não há muita iniciativa para resolver esta questão.
Os dados de 2020 mostram que a maior taxa de mortes foi em Nagasaki (71%) e a menor ficou em Hokkaido (6%). Cidades como Nagasaki e Sasebo sacrificaram 1953 dos 2763 animais abrigados pelo “hokenjo”. No caso de Hokkaido, 139 dos 2.162 animais abrigados foram mortos.
Hokkaido teve um resultado melhor por causa das iniciativas que a província tem tomado. Fotos dos cães e gatos são divulgadas em um site oficial para encontrar novos donos, além da colaboração de entidades protetoras, que fazem o resgate.
No caso de Nagasaki, a situação é outra. Um representante do Departamento Sanitário da província explicou que não tem sido possível dar conta do número de animais abandonados.
“Fazemos atividades de castração, mas não damos conta. Muitos filhotes de gatos estão sendo sacrificados”, revelou.
Os números totais mostram que os gatos têm sofrido mais. Das mais de 23 mil mortes, cerca de 4 mil foram de cães e mais de 19 mil foram de gatos.
Leia também: “Este amor à primeira vista só causa incômodos”, campanha surge no Japão depois de onda de adoção e abandono de pets na pandemia
Situação dos cães e gatos no Japão
Muitas localidades tem por objetivo zerar as mortes e as entidades protetoras também estão atuando na capacidade máxima, contando com doações para fazer os resgates de animais abandonados e encaminhar para novos donos. Mesmo assim, o destino de muitos cães e gatos é o Hokenjo.
Há várias questões que acabam agravando o problema, como as pessoas que adotam sem consciência e abandonam depois. Há também os casos de acumuladores, que perdem o controle da cria dentro de casa e quando vão pedir ajuda, há dezenas de animais precisando de resgate.
Não há cães vivendo nas ruas no Japão e os animais que acabam sacrificados são cães de raça abandonados pelos donos, que não foram vendidos em criadouros e sobraram nos pet shops. No caso dos gatos, o problema é maior pelo fato de que há muitas colônias de animais nas ruas, além dos gatos descartados pelo comércio de animais.
Muitas ações precisam ser tomadas para resolver este problema, mas entre elas está a necessidade de melhorar a consciência de quem compra ou adota. Quem decide levar para a casa um cão ou gato precisa ter muita consciência de que é uma decisão de longo prazo, já que os animais vivem 10 ou 20 anos e se tornam membros da família.
Muitas pessoas descartam facilmente por motivos como mudança de apartamento, nascimento de um bebê ou simplesmente por não terem gostado do odor ou da bagunça que o pet causa. Todas essas questões precisam ser consideradas antes de tomar a decisão de adotar um animal, para que uma situação de abandono não aconteça.