Filmes infantis são ótimos para assistir em família, mas como acontece na história de Ron Bugado, é gostoso poder assistí-los e entender a profunda lição por trás deles.
É claro que é inevitável assistir animações que retratam aquela idade, dos 10 aos 14 anos, e não comparar com a sua experiência de vida.
Toda aquela insegurança que a gente sentia e tudo o que acaba ampliando, ainda mais, cada sensação inexplicável por trás de cada uma delas.
Aliado a isso, o avanço tecnológico, poderia ter complicado ainda mais essa nossa fase.
Vou tentar não dar muitos spoilers, mas mostrar que você só vai ganhar, ao assistir essa animação.
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Ron e a descobertas sobre a amizade
O que faz a gente se tornar amigo de alguém?
É uma pergunta bem simples.
Porém, ao analisar a ótica do mundo tecnológico de hoje, fazer amizade é aceitar alguém em um perfil nas redes sociais.
Isso não é, e nunca será, uma amizade!
Fazer um amigo é algo trabalhado e que pode começar com umas trocas desajeitadas de palavras.
Ou ainda, pode começar com uma situação embaraçosa (essas são as melhores amizades, diga-se de passagem).
E tudo ainda pode ficar mais difícil se você vem de uma família de imigrantes, como acontece na animação.
Mas, a conexão que podemos fazer hoje está muito além do que sonhávamos neste período de nossas vidas.
Hoje, é possível saber muito mais sobre nossos gostos, nossas atividades, lugares que frequentamos etc, do que há 20 anos.
Nisso, cometemos um extravagante excesso, já que saber dessas coisas, não torna ninguém mais ou menos amigo.
Só que isso, na vida de um pré-adolescente, pode parecer um máximo!
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A tecnologia inimiga ou aliada?
No mundo da animação, a substituição dos smartphones ocorreu para esse público e eles agora tem o B-Bot.
Muita mais avançado do que um telefone, mas com as exatas mesmas funções, só com um detalhe: o B-Bot vai te ajudar a fazer amizades.
É claro que a função de um telefone sempre foi conectar a gente a outras pessoas, uma por vez, mas isso é o arquétipo por trás da animação.
Por outro lado, essa função, já quase esquecida, combinada às características dispostas na rede sobre nós, é a função básica por trás da forma que eles encontram amigos.
Parece empolgante né?
Só que, ao analisar o nosso próprio comportamento nas redes sociais, é óbvio que nós pouco publicamos coisas que, nem sempre, são o que realmente sentimos ou pensamos.
E se extrapolarmos, imagina isso com pré-adolescentes. Seria muito mais distante.
Tá, no filme funciona e parece que as pessoas aceitam isso.
Mas é claro que não poderia funcionar para o Ron e o Ambrósio?! Digo, o Barney.
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Amigos disfuncionais
Os paralelos entre o B-Bot e o Barney são grandes.
Por mais que Barney seja um pré-adolescente e conviva com vários, ele não consegue fazer amigos.
Por sua vez, seu B-Bot, está desconectado da rede e por isso, também não é capaz de se conectar aos outros.
E apesar disso ser o pano de fundo dos “problemas” que eles vão enfrentar, também é o que aprofunda as relações entre amigos.
É bem comum que a gente entre em relações onde nós queremos que a outra pessoa seja a nossa amiga.
No mundo real, nós fazemos isso nas redes sociais, com “amigos virtuais”, normalmente a partir de nossos telefones.
Outra mensagem por trás da trama infantil, é a falta de interação de ambos com o “normal”.
O Barney não se liga nas redes sociais e, mesmo que Ron tivesse sido conectado, não iria conseguir amigos assim.
Da mesma forma, a Ron não segue a sua programação.
Fica mais fácil se conectar com pessoas tão parecidas com nós.
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A vida de uma criança estrangeira
Ser um estrangeiro não é fácil, em nenhuma parte do mundo.
Como a história pode estar se passando em um país como os Estados Unidos, Barney deve ser considerado um americano.
Mas fica claro que, sua família sendo algo próximo de imigrantes Russos, é descriminalizada.
Isso torna a animação ainda mais interessante para quem vive no Japão.
Se você tem filhos aqui, sabe que nem sempre eles conseguem fazer amigos, seja por conta do idioma ou não.
Assim como Barney, para Ron, não estar conectado deixa ele, de certa maneira, um estrangeiro.
E nesse ponto, poderíamos intuir que, quando Barney “programa” Ron para ser seu amigo, a sua experiência é fundamental.
Seu pensamento é tão revolucionário e intuitivo que surpreende até mesmo o criador dos B-Bots.
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