Quioto – Mais uma vez, jogadores e torcedores japoneses fizeram bonito na Copa do Mundo, deixando o vestiário organizado e limpando o lixo abandonado nas arquibancadas.
O comportamento no Catar, país sede da Copa, chamou a atenção do mundo, mostrou a educação de muitos japoneses e pode ter dado a impressão equivocada de que o Japão não sofre com o problema de lixo abandonado, que é uma situação global.
O país também sofre com problemas de abandono de lixo, em praias, canteiro de estradas e principalmente em pontos turísticos. Uma reportagem da emissora Fuji aproveitou o clima da Copa do Mundo no Catar para mostrar uma situação contraditória aos estádios limpos: o lixo abandonado e transbordando de lixeiras em Quioto.
Quioto, na região de Kansai, é uma das cidades mais turísticas do Japão. A região que tem chamado a atenção pelo acúmulo de lixo e má educação de seus visitantes é Arashiyama, famosa pela natureza exuberante e pontos turísticos encantadores como a floresta de bambus e o parque dos macacos.
O fluxo de turistas esteve baixo desde a pandemia em 2020, mas tem aumentado com a liberação de muitas restrições e a coloração avermelhada do outono, que chegou ao auge na região. Além disso, desde outubro, o país voltou a aceitar turistas estrangeiros e Arashiyama é um dos principais itens na lista de muitos visitantes.
O problema em questão não tem um único culpado e pode estar sendo causado tanto por japoneses quanto por turistas estrangeiros. Por um lado, os comerciantes estão comemorando as vendas que voltaram ao patamar de 2019, por outro, o problema do lixo não passa despercebido e causa um contraste com a paisagem incrível de Arashiyama.
E a administração pública não tem colaborado muito com a situação.
“As lixeiras de Arashiyama estão todas cheias, transbordando e com o lixo caindo no chão e se espalhando. Antes tinham mais lixeiras perto dos estabelecimentos comerciais, mas a prefeitura concluiu que o acúmulo de lixo em cada uma delas estava prejudicando as belezas locais e decidiram reduzir”, explicou Keisuke ishikawa, líder do centro comercial local.
Medidas de controle de lixo
O Japão promove uma cultura de levar o lixo para a casa e normalmente não há muitas lixeiras disponíveis em espaços públicos, apenas em locais como lojas de conveniência e pontos muito turísticos.
Em Arashiyama, o problema do lixo tem se tornado tema de discussões e a comunidade local vem tentando amenizar ou resolver de alguma forma. Uma ideia foi instalar placas pedindo para que o lixo seja depositado nas lixeiras e mapas informando onde há lixeiras mais próximas.
Além disso, voluntários do centro comercial tem se reunido uma vez por mês para um mutirão de limpeza, mas a atividade não é suficiente para conter a dimensão do problema, considerando que é uma região que recebe um grande número de visitantes todos os dias.
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O problema de banheiro sujo
Outro ponto turístico que vem enfrentando problemas é o antigo templo Jurinji, nas montanhas de Nishinomiya, na província de Hyogo. Um templo construído no período Heisei, há mais de mil anos, que é uma relíquia histórica no Japão.
O templo não recebe apenas visitantes religiosos ou turistas, mas também montanhistas que estão de passagem. Há 15 anos, um banheiro foi instalado com as doações de mulheres idosas, mas teve que ser fechado por causa da falta de educação de seus frequentadores.
Segundo a reportagem da emissora Fuji, o problema se agravou quando os montanhistas passaram a usar o banheiro, que além de ficar imundo, sofreu com questões com abandono de lixo e furto de papel higiênico.
Além disso, no inverno há um congelamento por causa do frio e a água não sai, o que contribui com a má higiene do banheiro. As senhorinhas que investiram do bolso para construir um bem público, pensando no bem-estar de quem visita o templo e passa pela região, acabaram vendo o banheiro ter que fechar as portas.
E quem precisa utilizá-lo, também ficou sem opção.