Nagoya – Uma morte registrada no Presídio de Nagoya, capital da província de Aichi, se tornou alvo de um escândalo que vem sendo noticiado pela mídia japonesa.
Na quinta-feira (12), o portal Bengoshi News relatou o caso de um idoso de 71 anos que morreu dentro do presídio em março do ano passado. O laudo emitido pelo médico responsável diz que o homem sofreu um ataque cardíaco que resultou na falência múltipla dos órgãos.
O corpo foi preparado para o funeral com as vestimentas brancas tradicionais e o caixão. Quando os familiares viram o corpo, perceberam que estava com inúmeras marcas de agressões, hematomas, sinais de pressão nos tornozelos e nos pulsos, indicando que ele sofreu violência dentro do presídio.
O irmão mais novo foi atrás de esclarecimentos junto as autoridades do presídio. Ele não conseguiu conversar com o médico que emitiu o laudo, mas conversou com o chefe do médico que explicou que o detento adoeceu e ficou internado no hospital por uma semana e depois disso se recusou a continuar em tratamento e voltou ao presídio.
O irmão quis saber mais detalhes da condição de saúde e o nome do hospital de internação, mas o chefe do presídio se negou a dizer, disse que o caso já estava finalizado e arquivado e o mandou embora sem responder mais nada.
O caso intensificou as suspeitas de que o presídio possa estar escondendo algo. A família solicitou uma investigação realizada por um comitê formado por especialistas não relacionados com o presídio. O primeiro relatório emitido é sobre o período de novembro de 2021 a agosto de 2022 e mostra que houve a constatação de que os presos sofriam agressões físicas, humilhações, tinham que se ajoelhar e eram mal-tratados.
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Em busca de respostas
A família ainda não sabe o que o idoso de fato passou no presídio e se os episódios de violência resultaram em sua morte. O caso segue sendo investigado, os responsáveis pelo caso no Comitê de Investigação agendaram uma vistoria no presídio.
“Eu quero descobrir a verdade sobre a morte do meu irmão, quero que eles investiguem direito. Eu quero muito pedir para que o Ministério da Justiça leve o caso com bastante seriedade”, disse o familiar.
A família contratou um advogado Yuichi Kaido para cuidar do caso e várias irregularidades já foram apontadas na maneira como presídio vem lidando com a situação.
“É muito suspeito o fato de que não querem revelar em qual hospital o detento ficou internado, podemos duvidar se essa internação de fato aconteceu. Parece muito que houve intenção de esconder a verdade”, disse o advogado.
E não é só isso. Kaido revelou que o simples fato de não tornar a informação pública e transparente é uma irregularidade.
“A verdade precisa ser esclarecida e se eles não estão colaborando para isto, nós já temos uma irregularidade nesta atitude”.
A família chegou a fazer uma denúncia para a polícia de Aichi e exigir a autópsia do corpo. O caso foi relatado como uma “ocorrência de assassinato sem suspeitos” e a Corte de Nagoya em Okazaki rejeitou o indiciamento em 30 de maio do ano passado.
O motivo da rejeição e o resultado da autópsia nunca foram apresentados para a família. O irmão da vítima aguarda os relatório do comitê investigativo para dar um próximo passo junto ao advogado.