Tóquio – A criminalidade no Japão aumentou consideravelmente no ano passado, com 601.389 casos reportados pela polícia em todo o país. O número corresponde a 33.285 casos a mais em comparação com 2021, o que representa um crescimento de 5,9%.
De acordo com a Agência Nacional de Polícia (NPA, em inglês), o ano de 2002 foi marcado pelo pico da criminalidade no Japão, mas desde então, os registros estavam em queda ano após ano.
Em 2021, o número de casos criminais registrados atingiu o número mais baixo desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas a boa notícia não durou muito tempo: 2022 foi uma reviravolta para as ações dos criminosos.
Uma reportagem da emissora Fuji mencionou uma possível justificativa para o aumento do crime no ano passado. Por causa das restrições da pandemia do coronavírus desde 2020, as pessoas foram estimuladas a passar mais tempo em casa, o que pode ter influenciado na queda dos registros criminais em 2021.
No ano passado, muitas restrições foram levantadas e a população voltou a passar mais tempo fora de casa, o que aumentou a oportunidade para os criminosos. Entre os mais de 600 mil casos do ano, cerca de 200 mil se referem aos crimes urbanos, como furto de bicicleta e violência nas ruas.
Esses casos tiveram um crescimento de 14,4% com relação as ocorrências do ano anterior. Os crimes cibernéticos também tiveram um crescimento expressivo: os casos de vítimas de vírus que impõe transferências bancárias aumentaram 57,5% e o envio de dinheiro ilegal pelas ferramentas online de bancos (internet banking) atingiram a marca de ¥1,1 bilhão de prejuízo.
Foi a primeira vez em três anos que o prejuízo superou a margem do ano anterior.
Os crimes de maus-tratos também estiveram em alta durante o ano de 2022. Os postos policiais de todo o Japão reportaram aos conselhos tutelares os casos de mais de 115.700 crianças vítimas de violência.
E a violência doméstica também teve um registro lamentável. Durante o ano passado, foram quase 84.500 casos de vítimas que pediram ajuda.
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Percepção de insegurança
Sede da Agência Nacional de Polícia em Tóquio. Reprodução / FNN.
Uma das maiores famas do Japão é de que o país é extremamente seguro, mas esta realidade pode estar mudando. A NPA realizou uma pesquisa de opinião pública para descobrir como anda a percepção das pessoas sobre a segurança pública e mais de 60% disseram que sentiam que houve uma piora.
A polícia acredita que o caso do assassinato do ex-primeiro ministro Shinzo Abe, em julho do ano passado, pode ter impactado nesta percepção. O ex-premiê foi vítima de um assassino que utilizou uma arma de fogo caseira para cometer o crime durante um comício, em um raro episódio de crime envolvendo armas no Japão.
No relatório, a polícia mencionou ainda os casos de assaltos em série em uma área ampla, cujo autor tinha aceitado uma “vaga de emprego” no mundo do crime. “As organizações criminosas estão cada vez mais meticulosas”, analisou um representante.
Até quem está em casa, protegido na maior parte do tempo, não está correndo menos risco de ser vítima de um ato criminal. Outro tipo de crime que cresceu muito em 2022 foram os golpes de organizações criminosas que atuam por telefone.
O famoso “oreore sagi”, que o criminoso finge ser filho da vítima para pedir dinheiro, registrou aumento de casos, além do “apoden”, uma estratégia criminosa que usa meios parecidos para descobrir quanto dinheiro a vítima guarda em casa.
Para evitar esse tipo de golpe, que foca principalmente em idosos, a polícia orienta a nunca passar informações pessoais no telefone, nunca conversar sobre dinheiro com alguém que ligou mesmo que se identifique como um membro da família e sempre ligar para o familiar e conferir se ele fez a ligação.