Toyohashi – O Anki Cafe na cidade de Toyohashi (província de Aichi) é um ponto de encontro entre idosos com demência e seus familiares. O local foi planejado para o atendimento dessas famílias e tem por objetivo permitir a troca de informações e um momento de relaxamento, tanto para os cuidadores quanto para os doentes.
Mas o que tem chamado a atenção de quem visita o café é o ponto de ônibus instalado logo em frente. Parece uma parada comum, em uma casinha de madeira e com um banco para sentar e esperar a condução. Mas não há localidades na tabela de horários e o detalhe mais importante é que nenhum ônibus passa por ali.
De acordo com uma reportagem da emissora Fuji, o ponto de ônibus era verdadeiro, mas foi desativado. A administração do café decidiu aproveitar a estrutura para criar uma parada fictícia e aumentar a segurança dos pacientes que frequentam o café.
“Quando os idosos e pessoas com demência saem sozinhos, eles pensam em pegar o ônibus e visitar algum familiar e então sentam para esperar. Mas logo não se lembram mais do motivo de estarem ali. Neste meio tempo, algum funcionário percebe e conduz de volta”, explicou um atendente do café.
A ideia teria sido inspirada em uma iniciativa de uma casa de repouso na Alemanha, que instalou a parada de ônibus fictícia logo em frente, evitando assim fugas de pacientes. Não quer dizer que o método funcionará em todos os casos, já que o idoso com demência pode simplesmente sair caminhando pelo lado contrário, mas aumenta as chances de um resgate em caso de fuga.
Anki Cafe em Toyohashi reúne pessoas com demência e seus familiares para momentos de descanso e interação. Reprodução / FNN.
Os pontos de ônibus espalhados
A ideia pegou tão bem em Toyohashi que algumas casas de repouso aderiram e já começaram a instalar seus pontos de ônibus que não levam a lugar nenhum.
Makoto Takeda, que representa a região Higashimikawa do Grupo Colaborativo de Idosos com Demência em Aichi, comentou como a ideia repercutiu positivamente entre os cuidadores.
“É incrível. Acabar de instalar um e todos estão muito animados. Acho que é realmente uma ideia maravilhosa. Graças ao café para pessoas com demência nós já temos quatro pontos de ônibus fictícios na cidade”, comentou.
Ele acredita que é uma forma também de ajudar muitas famílias que convivem com as responsabilidades de cuidar de familiares com demência.
“A tendência é que os casos de demência aumentem e nem todo mundo consegue entrar nas instituições. Muitas famílias estão se esforçando e cuidando desses idosos em casa, mas basta descuidar por um minuto e eles saem na rua. Se tiver um banco próximo e uma parada de ônibus que não leva para lugar nenhum, é provável que sentem ali e fica fácil notar que há algo de errado. Nós já instalamos quatro paradas em Higashimikawa e vamos transmitir essa ideia para outras regiões de Aichi”, explicou.
Em um caso recente, quatro meninas de 13 e 14 anos que tinham acabado de terminar as atividades na escola foram abordadas por um idoso que perguntou como fazia para chegar na escola primária. As estudantes estranharam o caso e depois de perceber que ele não sabia onde morava e para onde queria ir, levaram até um posto policial.
Ele conseguiu voltar em segurança para a casa e as meninas receberam uma gratificação por terem salvado o homem que poderia ter passado a noite sozinho na rua porque estava perdido de seus familiares. Leia esse caso aqui: As meninas que salvaram um idoso com demência perdido no Japão: “a gente viu que não podia deixá-lo sozinho”.