Embora nem todas as animações do Studio Ghibli sejam obras-primas do cinema, para quem quer se divertir com histórias sobre fantasia, Aya e a Bruxa é uma boa opção, mesmo que não seja tão surpreendente. A adaptação de Goro Miyazaki é interessante, mas não tem o mesmo brilho de histórias como Meu Vizinho Totoro e outras obras do Studio.
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Por isso, decidi assistir essa animação com outra perspectiva, sem esperar muito dela e já sabendo como o final seria. Dessa forma, ficou mais fácil não se decepcionar com o que veria, mas não foi fácil. As mudanças causadas pela troca do formato, saindo dos traços 2D incríveis para o 3D simples não foram impressionantes, como a gente espera do Studio, mas não são ruins. Os cenários parecem ser mais simples que o normal e os movimentos são menos fluidos do que os tradicionais, que usavam muita rotoscopia. Pelo menos, a trilha sonora não perdeu em nada e é um dos melhores pontos da animação.
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Aya da versão Ghibli
Embora a adaptação do Studio Ghibli da história original de Aya e a Bruxa seja bastante parecida, os pontos mudados deram uma direção um pouco diferente à trama. É claro que muitos elementos foram apresentados e não foram explicados em tela, deixando a gente sentindo aquele vazio, que é bem comum nas animações japonesas, mas que aqui deixaram a história sem peso. É como se um suspense desnecessário tivesse sido criado e acabasse sem explicação, à medida que novos fatos são mostrados.
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Pelo menos na adaptação, a ideia da banda acabou dando um ar bem britânico a história e colocando ela no período certo, mesmo que o nome de Aya tenha descaracterizado a menina como uma britânica. Earwig também não é um bom nome. Apesar desse detalhe, a história se pareceu bastante com outra animação do Studio Ghibli, O Serviço de Entregas da Kiki, já que as duas animações terminam de forma parecida, deixando mais dúvidas do que respostas.
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Seria Aya uma mensagem de Goro?
Outra coisa que me passou pela cabeça ao ler as críticas sobre a animação de Aya e a Bruxa foi a questão complicada sobre Goro Miyazaki e se ele não tentou usar a produção para mandar uma mensagem para os fãs do Studio Ghibli. O filho do lendário Hazao Miyazaki, deve passar por maus bocados ao sofrer muita pressão para ser tão bom quanto o pai. Ao criar uma animação que mostra a história de uma pequena menina adotada, que já demonstrava algum domínio ou sensibilidade para magia, ele poderia ter tentado colocar suas experiências na tela.
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É claro que tanto para Aya quanto para Goro, a “porta da frente” sumiu e eles não têm outra opção a não ser fazer o que se espera deles. Ambos estiveram sempre por trás dessa “magia”, sempre vendo como as coisas que os “clientes” querem envolvem processos longos e intermináveis, muitas vezes, até mesmo nojentos. Então, quando chegou a vez deles, a magia se mostrou ainda mais complicada e nem tudo saiu como eles esperavam. Aya tem a sorte de ser apenas uma órfã que foi adotada e já demonstrava sucesso em usar seu charme para conseguir o que queria, mas Goro não tem a mesma sorte, já que ele deveria ser melhor que Hazao.
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Seja por coincidência ou não, Aya e a Bruxa poderia ser uma animação melhor e mesmo com uma boa trilha sonora deixando a marca do Studio Ghibli, a história poderia ter sido mais envolvente e poderia ter se tornado um sucesso, sem não fossem esses deslizes.
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