Tóquio – Enquanto muitas campanhas pelo mundo reforçam a importância do protetor solar e muitas famílias se preocupem em proteger a pele das crianças quando estão no sol, as escolas japonesas parecem andar na direção contrária do esperado.
Uma regra polêmica, antiga e que faz parte de um conjunto de normas escolares questionáveis é a proibição do uso de protetor solar pelas crianças. Esta e outras regras polêmicas, como definir a cor da roupa intima ou dos sapatos dos alunos, são chamadas de “burakku kousoku” no Japão.
O termo “burakku’ vem de black, preto em inglês e “kousoku” é o termo utilizado para normas escolares. Há organizações públicas e sociais que lutam para eliminar essas regras e permitir que os estudantes tenham uma vida escolar mais livre e com menos rigorosidade e burocracia.
Mesmo assim, a estrada para conseguir acabar com as normas abusivas ainda parece longa e distante. O caso do protetor solar foi tema de uma reportagem do portal Abema Prime, que trouxe relatos de jovens que estão pedindo para que as escolas permitam o uso do creme que protege a pele do sol.
O verão chegou e esta é a estação que mais exige cuidados por causa do sol. Os próprios japoneses costumam utilizar mangas longas e sobrinhas para se proteger dos raios ultravioletas, mas se estão em um local de praia ou piscinas, o protetor solar se torna indispensável.
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As justificativas e críticas dos alunos
Segundo a reportagem, as escolas que proíbem o uso do protetor solar não deixam os alunos proteger a pele antes da aula de natação, muitas vezes ao ar livre e debaixo do sol.
De acordo com os dados da Sociedade Japonesa de Saúde Escolar (Nihon Gakkou Hoken-kai), cerca de 30% das escolas primárias, 31% das escolas ginasiais e 48,5% das escolas de ensino médio não permitem que os alunos utilizem protetor solar nas aulas de natação em piscinas ao ar livre.
Os motivos seriam uma preocupação de que o protetor solar pode sujar a água da piscina, dificuldade de incluir na agenda da aula o tempo necessário para que os alunos passem protetor.
Em algumas instituições, o motivo é não saber diferenciar protetor solar de maquiagem e uma preocupação de que as alunas poderiam usar maquiagem alegando que estão passando protetor solar no dia a dia da escola.
A maquiagem também é um item comum na lista de proibições.
No Twitter, muitos jovens se manifestaram e pediram para que essa regra fosse eliminada, tendo em vista o prejuízo que pode causar na pele.
“Minha pele é sensível, quero muito que a escola deixe usar protetor solar”, pediu uma estudante.
“Os raios solares prejudicam a pele, não consigo entender. Por que existe uma regra dessas?”, questionou outro.
O Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciências e Tecnologia do Japão (MEXT) já tomou medidas para tentar combater as regras escolares que podem constranger ou prejudicar os alunos.
As escolas estão sendo orientadas a divulgar publicamente em seus sites oficiais sobre as normas que estão presentes nas diretrizes. Isto pode fazer com que muitas regras sem sentido se tornarem conhecidas pela comunidade escolar e as instituições podem acabar pressionadas a atualizar seus critérios.