Yokohama – No próximo mês, o juiz responsável pelo caso de Yuuya Nozaki, de 29 anos, deve declarar a sentença e a expectativa é que pegue no máximo 6 anos de prisão, de acordo com o desejo da promotoria.
O homem foi acusado de pedofilia por abusar sexualmente de uma menina que era aluna de uma escola ginasial. As reportagens que saíram na mídia japonesa não revelaram a idade da menina, mas os alunos do ginásio têm entre 12 e 15 anos a depender do ano escolar.
Nozaki conheceu a menina pelo Twitter. Ele estava buscando publicações de jovens que queriam cometer suicídio, aparentemente, pois encontrou a jovem por um post em que ela declarava que queria morrer. O homem entrou em contato e se aproveitou da vulnerabilidade da menina.
Depois de cometer os abusos em sua casa em Saitama, em setembro do ano passado, Nozaki prometeu ajudar a menina a cometer suicídio. Ele foi acusado de levá-la até uma ponte na cidade de Sagamihara, em Kanagawa e incitá-la para que pulasse.
A família reportou o desaparecimento na polícia e o corpo da menina foi encontrado dias depois no rio.
Segundo a reportagem da emissora TBS, este não foi o único caso de abuso contra menores de idade. Nozaki também foi acusado de levar outra adolescente para a casa no ano passado.
Os crimes são de pedofilia, abuso sexual e incitação ao suicídio. A promotoria alegou que o desejo de se matar da menina não era tão forte, mas suas emoções foram manipuladas pelo homem e o ato sexual.
E por isso a promotoria acredita que Nozaki deve cumprir pena de 6 anos de prisão. Os advogados discordaram. O representante da defesa diz que a menina queria mesmo se matar e pede que o cliente ganhe o benefício de responder em liberdade por ser réu primário.
A sentença deverá ser anunciada em uma audiência marcada para o dia 29 de agosto.
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O perigo no Twitter
Não é de agora que o Twitter vem sendo utilizado por criminosos interessados em crianças que estão em situação de vulnerabilidade. Um dos casos mais notórios aconteceu em 2017, quando a polícia japonesa encontrou 9 cabeças na casa de Takahiro Shiraishi, de então 27 anos, que morava na cidade de Zama, em Kanagawa.
Shiraishi tinha um perfil no Twitter que prometia “aliviar a dor” de pessoas em sofrimento, que estivessem passando por bullying na escola ou com problemas de relacionamentos pessoais. Desta forma, ele se aproximava de pessoas que queriam morrer, convidava para vir na sua casa e cometia assassinatos.
O caso de Nozaki tem suas similaridades. Ele utilizou o Twitter para contatar uma menina que publicou que queria morrer. A menina foi até a casa do homem em Saitama no dia 20 de setembro e foi deixada na ponte para morrer três noites depois. Neste período, sofreu abusos sexuais e manipulações.
Na época da prisão, a polícia de Kanagawa falou sobre o caso de Nozaki e que ao ser interrogado, ele disse que seu objetivo era sexual. De acordo com uma reportagem do portal Bunshun Online de outubro do ano passado, o responsável pelo caso fez o seguinte comentário:
“Ele escolheu propositalmente uma menina que queria cometer suicídio, uma pré-adolescente que era estudante de escola ginasial e que tinha uma mentalidade bastante imatura por causa da idade, além da vulnerabilidade psicológica. Foi um ato de extrema má fé”.
Casos como o de Nozaki e Shiraishi alertam para os perigos da exposição pessoal em redes como o Twitter, principalmente de crianças e jovens em condição de vulnerabilidade social e emocional. Ao expor suas emoções e angústias na rede, essas pessoas se tornam vítimas fáceis para a ação de criminosos brutais.
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*O print da conta do Twitter que Takahiro Shiraishi usava para atrair as vítimas prometia alívio para quem queria se matar e ampliar os conhecimentos sobre enforcamento. Na publicação, ele dizia que queria ajudar as pessoas que queriam acabar com o bullying na escola ou no trabalho e que estavam em sofrimento. Ele também alertava sobre os inúmeros casos de tentativas de suicídio que não deram certo, insinuando que com a ajuda dele a vítima conseguira cumprir o objetivo de morrer “sem transtornos”.