Tóquio – Esta é a época do ano mais fria no Japão e existe um inimigo silencioso que acaba fazendo vítimas fatais sem sequer ser temido: a hipotermia.
Os picos de calor no verão japonês faz com que centenas de pessoas sejam socorridas com sintomas de hipertermia: a condição provocada pelo superaquecimento do corpo. Há registros de mortes, principalmente de idosos em casas abafadas e as medidas de combate são divulgadas com frequência nos noticiários.
Mas no inverno, a ameaça da hipotermia permanece silenciosa. A condição é provocada por uma baixa perigosa da temperatura corporal e a imagem é de que só acontece com os montanhistas que se perdem durante uma escalada ou alguém que sofre um acidente em um local muito frio e não consegue se aquecer.
Esses casos saem nos noticiários, mas a realidade da hipotermia é muito mais próxima do que se imagina. Segundo os dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social do Japão, as mortes por frio são ainda mais comuns e numerosas do que as mortes pelo calor.
Entre 2012 e 2022, o Japão registrou 10.397 mortes por hipertermia e 11.852 mortes por hipotermia. Foram mais 1.455 vítimas fatais das temperaturas baixas do inverno do que do calor extremo no verão.
E não são casos de montanhistas ou praticantes de esportes no inverno. Uma reportagem do portal Shukan Josei Prime trouxe o assunto e entrevistou o diretor do Hospital Tokyo Hikifune, Kunihisa Miura. De acordo com o médico, 80% dos casos costumam acontecer dentro de casa.
“Há muitos pacientes que voltaram bêbados para a casa no inverno, não colocaram uma roupa mais quente e nem se abrigaram embaixo dos cobertores. Eles dormem em qualquer lugar e acabam sofrendo hipotermia sem perceber. Há também casos de pessoas que não usam aquecedores no inverno por causa do alto custo, tentam suportar o frio sozinhas e também sofrem”, explicou.
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Como é a hipotermia e o que fazer?
Assim como nos casos de hipertermia no verão, é importante ter consciência da condição, os riscos, sintomas e como prevenir durante as temperaturas rigorosas do inverno japonês.
O médico Miura explicou com a hipotermia afeta o organismo de uma forma perigosa:
“Os sintomas de hipotermia começam quando o coração e o fígado atigem temperaturas abaixo de 35°C. O corpo começa a tremer, a locomoção é prejudicada e há confusão mental. Nos piores casos, o óbito acontece”, disse.
O primeiro cuidado a se tomar é com a temperatura dentro de casa.
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a temperatura dentro de casa seja mantida acima de 18°C no inverno. Eu gosto de recomendar que as casas fiquem acima de 20°C. Os piores horários é de noite e cedo da manhã. Mantenha o corpo aquecido na hora de dormir e também ao sair de casa, sempre usando roupas adequadas para o frio”, sugeriu.
As baixas temperaturas seguirão durante o mês de fevereiro, com risco de nevasca em várias regiões do Japão. Se perceber os sintomas de hipotermia, o médico aconselha algumas medidas para aquecer o organismo rapidamente:
“Se acontecer, vista uma roupa mais quente e ligue o aquecedor em casa. Uma bebida quente também ajuda a aquecer o corpo mais rápido. Se estiver em um estado de confusão mental, sem conseguir agir sozinho, ligue para a emergência. Se uma pessoa estiver tremendo muito ao seu lado e de repente parar, é possível que tenha perdido a consciência e há um risco de morte”, explicou.