Não vou negar que assisti a esse filme apenas porque reconheci David Harbour (Hopper em Stranger Things) como o fantasma. O teaser no topo das sugestões da Netflix me fez acreditar que a história seria igual a todas as outras histórias de fantasmas, como Os Fantasmas se Divertem, que são repetitivas e previsíveis. No entanto, o filme também contava com Anthony Mackie (Sam Wilson, o novo Capitão América, que aqui interpreta Frank Presley, o pai da família). Como ele só faz filmes bons, algo de bom poderia sair dali.
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Outra quebra de expectativa foi ver que a família estava financeiramente arruinada. Normalmente, esse tipo de filme mostra famílias que herdaram uma a casa e precisam ficar ali para receber sua parte e etc. É claro que a falta de dinheiro obriga a família a ficar, mas quando a Mel (Erica Ash) fala que eles não são daquelas famílias de filmes de terror, me identifiquei com ela. Tudo isso deu ao filme um ritmo legal, com alguns jumpscares bobos, mas a ideia, que parecia ser apenas comédia, vai mudando ao longo da história.
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Um filme de fantasma, mas sem terror
E quando conhecemos Ernest (David Harbour), a trama melhora a cada vez que ele aparece. Afinal, hoje em dia, um vídeo de um fantasma seria mesmo algo assustador ou seria visto como “apenas mais um filtro incrível”? Essa tipo de afirmação faz muito sentido, já que quase nunca vemos as coisas darem certo nesses filmes. É como se fosse um “E se” onde tudo colabora para que fosse possível.
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Então, ao pensarmos como Kevin (Jahi Di’Allo Winston) está deslocado, sentindo-se sozinho e incompreendido, a conexão dele com Ernest ocorre naturalmente. E essa conexão vai se aprofundando e humanizando ainda mais a entidade, que só queria paz em seu pós-vida, como se isso servisse de consolo.
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O cultura TikTok e o imediatismo de hoje
Outra coisa que faz paródia com a atualidade, é a forma egoísta que as redes sociais são encaradas. É claro que muitos ganham milhões de dólares com isso, mas a exploração do pobre fantasma Ernest só é vista por Kevin. É claro que o TikTok e outras plataformas de vídeos curtos surgiram para isso, porém ninguém demonstrou nenhum tipo de compaixão e quis entender o que a entidade fazia ali, apenas sedentos por embarcar no desafio de gravar um vídeo com um fantasma, transformando isso em uma nova trend.
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Por isso, ter milhares de fãs não melhora a vida do fantasma. Para a sorte de Ernest, uma de suas fãs, a vizinha dos Presley, Joy (Isabella Russo), é uma daquelas nikkei que não para até conseguir resolver o mistério. Tanto Joy quanto Kevin querem ir além e ajudar o fantasma a encontrar paz. Mas não sem antes rolar um daqueles épicos momentos de susto (que só serve mesmo para darmos risadas).
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Porque o filme não é uma comédia pastelão
A camada seguinte traz algumas quebras de expectativas e uma boa reviravolta, mudando o ritmo e levando o espectador a refletir “mas não era uma comédia?” Dessa forma, o que mais surpreende não é o fato da comédia ser ruim, mas sim dele não se apoiar nisso, é uma história de crescimento, para Kevin, Ernest e até mesmo para Frank.
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