Os anos vão passando e as nossas vidas parecem correr sobre nossos olhos. Dia e noite passam tão rápido que não paramos para apreciar, de verdade, o que é esse dom misterioso que gastamos todos os dias. Aos poucos, nos sentimos amortecidos e paramos de nos importar. Paramos de sermos sinceros e nos acostumamos a mentir, para os outros e para nós mesmos. A Baleia é um filme que se passa, basicamente, dentro da sala da casa de Charlie (Brendan Fraser), um professor de inglês que busca essa honestidade de todos.
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Assim que você vê esse o título do filme, a primeira impressão é: será que esse é um filme para mim? Acredito que ele seja bom para todos, sejamos jovens ou maduros, esse filme fala sobre essa necessidade de termos, pelo menos, essa possibilidade de podermos falar a verdade em algum momento de nossas vidas. E por mais que só sejamos convidados a conhecer apenas cinco dias na vida de Charlie, ele sintetiza bem essa necessidade sobre entender o que sentimos.
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A Baleia é a distração
A pandemia ensinou muitas pessoas a contemplar um pouco da vida. Aqui no Japão, até o número de casas novas aumentou, já que as pessoas precisaram passar mais tempo em casa e, finalmente, perceberam que elas eram muito pequenas. E o filme trata como a perda pode ser sentida por diferentes pessoas. Dor, luto, vergonha, raiva e aflição jorram da tela. Não há um instante de ação, mas as emoções crescem em cada ato.
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A caracterização também impressiona, já que Charlie é um obeso mórbido e Fraser é enorme. E o peso extra, deixou cada cena mais densa e cada frase com um tom de urgência. Além disso, a compulsão por comida não é a única tratada em tela, já que cada um dos personagens, teve alguma compulsão falada, ao menos em um diálogo. É claro que a de Charlie era a mais óbvia de todas.
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Além do mais, como é dito na própria redação de Ellie (Sadie Sink), a baleia, no caso Moby Dick, é só a distração que tira toda a atenção da vida que levamos. A própria casa de Charlie é algo como um refúgio, onde todos são bem-vindos para fugir, junto dele, de seus problemas. Pelo menos, é em sua casa que todos resolvem pontos importantes de suas vidas e desatam os nós que os impedia de serem felizes.
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A honestidade com nós mesmos
Apesar de Charlie cobrar de todos essa originalidade e sentimento, ele se esconde o tempo todo. É compreensível que, após um certo peso, a mobilidade diminui e a vontade de sair de casa, também. Mas fica claro que ele está sempre se escondendo, seja com a câmera desligada, seja guardando dinheiro escondido e até pagando a pizza sem ver o entregador. Essa vergonha de todos é a mais triste, mostrando que seu maior objetivo é também o mais difícil: se conectar com sua filha.
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Ao decidir assumir a felicidade, assumindo um relacionamento homessexual extraconjugal, Charlie escolheu outra fuga, outro distanciamento. De certa forma, balancear o que nos faz feliz de nossa obrigação é a parte mais difícil da vida. Para isso, não há fórmula onde não se perde nada. É como lidamos com essas perdas que mostram o quanto somos sinceros com nós mesmos. Se for preciso chorar, que não seja nos distanciando dos outros.
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