Quando o Reino se une para destruir uma perigosa criatura capaz de dizimar toda a civilização, honrados cavaleiros juram proteger a humanidade contra esse inominável perigo. Sob esse juramento, mil anos de história passam em um instante, desafiando a tradição pelo brio de um jovem plebeu tenaz, Ballister Blackheart. Embora pareça ser a típica história de um homem desafiando o sistema, Nimona vai além disso.
Leia também: Reacher – Dos livros ao cinema, série da Prime chega para segunda temporada
Nimona é uma animação da Netflix que poderia facilmente ter sido produzida pela Pixar, apresentando uma inspiração visual próxima de Homem-Aranha no Aranhaverso, da Sony. Para os amantes de histórias com cavaleiros e monstros, a animação oferece diversão garantida, repleta de momentos emocionantes que podem levar a interpretações equivocadas sobre o que está acontecendo.
Leia também: Rebel Moon, filme de Zack Snyder decepciona ao tentar ser Star Wars da Netflix
Nimona vem para quebrar tradições
É digno de nota como o romance entre os cavaleiros Ballister e Ambrosius Goldenloin se torna evidente desde o início. Se você acha que “desenhos são coisas para crianças”, continue assistindo Nimona até o final, pois aqui nada é o que parece. De fato, o romance não é o foco da animação, que se desenrola em uma conspiração ocorrendo às claras, onde o mais óbvio nunca é questionado. É nesse cenário, onde as tradições são seguidas à risca, que deveríamos estar mais abertos a mudanças.
Leia também: O mundo depois de nós – A saga apocalíptica que mexeu com a internet
Assim, o dilema entre manter ou quebrar tradições afeta principalmente os privilegiados, embora sejam os oprimidos que mais sofram por sua existência. Como lidar quando o dilema nos faz questionar as atitudes mais enraizadas em uma sociedade? Como agir quando o bem e o mal podem estar invertidos, beneficiando toda uma sociedade?
Leia também: Monarch – Legado de Monstros – A série inesperada sobre o universo de Godzilla que surpreende
O golpe
Ao considerar o tema central de Nimona, percebemos que não é o confronto entre o bem e o mal, mas sim a traição. Todos os pontos de virada na história da animação estão baseados em traições. A primeira delas ocorre na iniciação do cavaleiro Ballister, visível desde o começo. No entanto, à medida que os eventos avançam, mais traições vêm à tona durante a busca pelo verdadeiro vilão. Além disso, a questão do uso de um “bode expiatório” funciona bem, ofuscando a busca pelo verdadeiro culpado.
Leia também: Yu Yu Hakusho, da Netflix, tem trailer de ação revelado
O verdadeiro “golpe” que sofremos é o “disfarce” perfeito que o vilão usa. Ao sermos apresentados a Nimona, a escudeira/comparsa do cavaleiro plebeu Ballister, somos induzidos a pensar que ela, por ser tão direta e falar horrores, é transparente conosco. Aos poucos, percebemos como ela guarda um enorme sofrimento pelo abandono e traição sofridos em seu passado. Mais do que isso, ela está à beira de se perder para sempre por sua escuridão interna. Isso a torna a única capaz de mostrar como tudo é baseado em uma mentira, e que as tradições só existem porque as pessoas nunca questionaram nada, apenas temeram o desconhecido, sem estar abertas a aprender com os limites que a mente impõe.
Leia também: Squid Game – The Challenge – Começa o jogo que ninguém estava esperando
Vale a pena assistir e se emocionar com Nimona, que vai além de ser apenas uma boa animação, apresentando um enredo que desafia tradições, questiona e supera a traição, mesmo que isso custe tudo.
Leia também: Ruptura e o futuro corporativo sombrio