A última produção do renomado diretor Christopher Nolan, Oppenheimer, está sendo considerada pela crítica e pelo público como um ótimo filme. Apesar de ser mais longo que Interstellar, o que é bem justificável e estão lotando as salas de cinema ao redor do mundo, mas dividindo as atenções com a produção da Warner, Barbie, que tem um apelo ainda maior aos fãs da boneca. Tanta repercussão deveria fazer o filme acabar sendo um sucesso no mundo inteiro, pelo menos fazer mais pessoas assistirem nas salas de cinema, em contraste com os blockbusters que vem flopando ultimamente. Mas isso não vai ocorrer no mundo todo.
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É um fato conhecido de quem mora no Japão de que, estréias mundiais, nem sempre são exibidas simultaneamente por aqui. Pesquisando sobre o assunto, no passado, grandes filmes no exterior, com um hype muito alto, que acabaram fracassando nos cinemas, trouxeram prejuízos por aqui também. Isso acabou levando os donos das salas de cinema a esperar um pouco para lançar os filmes por aqui. Mas dessa vez, a coisa é um pouco mais séria.
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Oppenheimer é baseado em fatos reais, mas não é preciso
E mesmo para quem ainda não viu o filme, fica óbvio que o tema central é a criação e o uso das bombas atômicas. Dessa maneira, em algum momento próximo ao final, as bombas serão encaminhadas para o Japão, como uma forte propaganda de guerra e a fim de realizar um ataque, ao país, que apesar da derrota dos países que compunham as forças do Eixo, ainda se mantinha na guerra. Falando apenas em termos históricos, as bombas atômicas não colocaram fim a Segunda Guerra Mundial, mas a perda dos territórios da Manchúria, na China e da Coreia, devido à ação planejada meses antes com os aliados, com ataques do Exército Vermelho da extinta União Soviética, tornando os bombardeios atômicos uma mancha terrivelmente desnecessária.
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Se atendo ao enredo do filme, a polêmica aqui não é surpresa para ninguém. Mas, segundo o colunista da NewsWeek Japan, Reisen Akihiko, os japoneses têm uma visão ainda mais pessoal sobre a ação das bombas e devem ver a produção o mais rápido possível. No seu artigo, intitulado “As razões pelas quais ‘Oppenheimer’, dirigido por Christopher Nolan, deve ser lançado imediatamente no Japão”, Akihiko prova que o filme tem cuidado ao tratar os ataques ao Japão, tentando retratar o terror que J. Robbert Oppenheimer (Cillian Murphy) sentiu ao ver vídeos sobre o resultado dos bombardeiros.
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Uma carta aberta pela desnuclearização
Ainda segundo Akihiko, “Oppenheimer” tem a magia de Nolan, ao fazer uma abordagem muito complexa, conseguindo “induzir o público, de forma vaga, a concordar com a crença de que as armas nucleares são más”. E na sua opinião “Nolan habilmente inseriu pensamentos antinucleares no filme. Essa é uma questão que deve ser submetida à avaliação rigorosa dos japoneses, especialmente pelas vítimas”. Infelizmente, vamos precisar esperar mais um pouco para que o filme chegue aos cinemas aqui, já que nem mesmo o trailer recebeu legendas em japonês.
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