Tóquio – O Japão está constantemente preocupado com desastres naturais e não é por acaso. Trata-se de país instalado entre três grandes placas tectônicas, com 100 vulcões ativos e no meio da rota dos tufões.
A realidade dos desastres naturais obriga o governo japonês e a população a estar em constante preparo: com rotas de fuga para abrigos organizadas, estoque de alimentos e água e um sistema de comunicação eficiente, capaz de alertar rapidamente quando algo muito ruim está por vir.
Uma reportagem do Portal Gendai Business mencionou as previsões assustadoras que foram descritas no livro Defesa da Capital (original: Shuto Bouei) da escritora Miyoko Miyachi.
A obra menciona os piores cenários já traçados para o Japão, mas não com o objetivo de assustar e causar pânico, mas para provocar reflexões importantes. Como se preparar para um desastre com proporções gigantescas e como a vida no Japão pode mudar se algo assim ocorrer.
Há três tipos de desastres entre os mais assustadores. O primeiro é a possibilidade de ocorrer um terremoto na placa Nankai Torafu, algo que já vem sendo comentado há bastante tempo. Neste caso, o terremoto poderia afetar desde a região de Kyushu, no sul do país, até a região de Tokai, no centro do Japão.
Outra possibilidade assustadora é uma erupção do Monte Fuji, algo que pode parecer raro, mas não é absurdo. Os pesquisadores japoneses estimam que o poderoso vulcão pode se tornar ativo a qualquer momento. A última erupção aconteceu há mais de 300 anos, mas há duas décadas, tremores foram detectados nas profundezas do Fuji.
E a terceira grande tragédia que poderia abalar o país é um terremoto logo abaixo da capital, o que afetaria uma grande área metropolitana. Como o Grande Sismo de Kanto, ocorrido há 100 anos ou o sismo de Kobe, que pegou a população desprevenida em um horário cedo da manhã, no dia 17 de janeiro de 1995.
A última estimava do governo de Tóquio para um desastre na capital, realizada em maio do ano passado, resultou em uma previsão bastante catastrófica de danos.
Um forte terremoto pode acontecer no sul da província. Considerando que ocorra em um fim de tarde de inverno, poderia deixar 82.200 construções completamente destruídas, provocar incêndios e danos em 118.700 casas e estruturas e deixar 2,99 milhões de desabrigados, além de muitos mortos.
A estimativa que também foi descrita no livro contou ainda que logo depois do terremoto, faltaria energia em uma área extensa em Tóquio e cerca de 30% dos distritos da capital ficariam sem água. Não daria para usar o telefone ou a internet, os trens parariam e o sistema de distribuição de alimentos e outros itens essenciais também.
A população poderia ficar um longo período a mercê de ajuda humanitária e os efeitos do desastre também provocariam mortes relacionadas.
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A previsão mais assustadora
Uma das previsões mais assustadoras do governo japonês segue sendo o terremoto gigantesco seguido por um tsunami catastrófico da região sul ao centro do arquipélago nipônico. E isto poderia acontecer a qualquer momento por causa das condições da placa Nankai Torafu, que se estende entre o sul e o centro do Japão.
Em abril deste ano, o Gabinete Oficial do governo japonês estimou um terremoto triplo que pode acontecer por influência desta placa em especial. Uma estimativa de tremor de magnitude 8 foi considerava viável e os possíveis danos foram analisados.
Neste caso, o forte tremor seria seguido por ondas gigantes e teria força o suficiente para causar danos que superassem em 10 vezes a tragédia que abalou a região de Tohoku em março de 2011.
Ondas de 10 metros poderiam afetar uma área extensa do arquipélago, incluindo a região de Tóquio e os danos estimados consideram um cenário que os japoneses nunca viram antes, segundo o que foi informado no livro.
E há ainda uma outra possibilidade no foco de pesquisa das autoridades, que seria a ocorrência de de um tremor embaixo da capital, o grande terremoto na placa Nankai Torafu e uma erupção do Monte Fuji quase ao mesmo tempo.
Parece coisa que filme de ficção científica, mas não é impossível. Há registros na história do Japão de desastres acontecendo simultaneamente, com força e impacto que influenciam uns aos outros.
Não dá para viver com pânico de todas as tragédias que podem abalar o país, mas o preparo já faz parte da cultura dos japoneses e os estrangeiros que vivem no Japão também devem se manter preparados e obter conhecimento sobre prevenção de desastres.
Conhecer as rotas de fuga perto de casa para os abrigos, ter um estoque de alimentos e água, fixar os armários e não deixar nenhum móvel perto da cama para evitar que caia durante um terremoto, entre outras atitudes, podem garantir a sobrevivência em um caso extremo e inesperado.