Tóquio – E se uma tinta pudesse zerar o número de vítimas fatais de fortes terremotos? O que parece uma solução mágica, está para se tornar realidade.
Instalado sobre quatro placas tectônicas que se encontram, o Japão é o país mais propenso do mundo a sofrer com terremotos e tem uma população acostumada e preparada para os desastres naturais.
As atividades de prevenção são fortes, como a conscientização da população, rotas para os abrigos e sistemas de comunicações. Porém, em cada forte abalo sísmico, muitas casas vão abaixo, pessoas perdem suas vidas ou ficam feridas entre os destroços das construções desabadas.
Os pesquisadores querem mudar essa realidade com a tecnologia e podem estar muito perto de atingir o objetivo. Kenjiro Yamamoto, do Instituto de Ciência Industrial da Universidade de Tóquio, desenvolveu uma tinta que promete aumentar a resistência das construções e até evitar danos quando os tremores atingem intensidade máxima.
“Estamos chamando isto de resistência através da pintura. Esta tinta foi criada para que seja uma solução simples, basta pintar para proteger as casas e construções”, explicou para a Emissora Fuji.
A tinta se mistura com um tipo de fibra de vidro especial que deixa os materiais mais resistentes. Testes e estudos estão sendo realizados com blocos de concreto e simulações de fortes tremores.
“A gente precisa focar na prevenção. Não dá para se preocupar depois que acontece, se for assim, é impossível salvar as vidas. Tem muitas pessoas que não se conscientizam e por isso estamos empenhados em trazer novas soluções”.
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A ideia da tinta protetora
O pesquisador Kenjiro Yamamoto tem um sentimento especial pela causa das tragédias e seus efeitos devastadores. Quando era pequeno, ouvia a avó contar a história do Grande Terremoto de Nankai, ocorrido em dezembro de 1946. O abalo deixou mais de 1.300 mortos na época, além de danificar 38 mil construções.
E o histórico de grandes desastres naturais no Japão é extenso e recorrente. O país já sofreu o Grande Sismo de Kobe em 1995, o Grande Terremoto e Tsunami de 2011 que foi o maior da história do país e mais rencentemente, em janeiro deste ano, o grande terremoto que afetou as províncias de Ishikawa e Toyama, além de muitos outros ocorridos nos últimos anos.
É um país que vive a dor das perdas nos grandes desastres e a necessidade de reconstruir e recomeçar depois de cada tragédia. Não é possível saber quando o terremoto virá e a prevenção tem um custo alto, nem sempre os projetos avançam e há uma contínua frustração.
Kenjiro disse que não quer que a tinta seja inviabilizada por um empecilho financeiro e acabe se tornando uma medida que não é utilizada, apesar de seus benefícios.
“A ideia é que as pessoas considerem essa tinta no cotidiano, quando fazem reformas e pensam na pintura da casa. Você pode aumentar a proteção da estrutura da sua casa quando tiver uma oportunidade e estará agindo para prevenir danos de fortes terremotos sem nenhuma grande pressão”, sugeriu.
Quando a tinta estiver disponível, ninguém precisa sair correndo para pintar a casa, mas quando surgir uma oportunidade, vale considerar essa medida.
“O nosso maior objetivo é zerar o número de vítimas fatais de um grande terremoto. E para isto, precisamos contar com os recursos da tecnologia”, garantiu.