Tóquio – O “fugen-byo” é uma condição pouco conhecida ou relatada, mas que é capaz de acabar com um casamento e recentemente, se tornou alvo de debates em redes sociais no Japão.
Segundo uma reportagem do portal Joshi SPA!, o “fugen-byo” provoca sintomas físicos e emocionais em uma mulher casada que passa a sentir uma crescente aversão ao marido. Os casos são resultados de episódios frequentes de estresse, provocados por atitudes e palavras do marido.
Em redes sociais como o Twitter, que é muito utilizado por japoneses, uma hashtag se popularizou para que as mulheres contassem suas reclamações aos maridos. Muitas histórias vieram à tona e mostraram que os casos, embora pouco conhecidos socialmente, podem ser mais comuns do que a maioria das pessoas imagina.
Um homem que passou por esta situação com a esposa e acabou em um processo de divórcio por não ter conseguido reverter, deu seu relato para o portal. Ele não quis se identificar, mas a reportagem utilizou o pseudônimo de “Kazuki Honda” para contar essa história.
Honda está na faixa dos 30 anos, é casado e com três filhos e a esposa desenvolveu os sintomas da condição, o que tornou o casamento insuportável e resultou no atual processo de divórcio que está em andamento.
Ele contou que ela estava sempre bem na presença dos filhos e as crianças não relatavam nada de errado com a mãe. Mas quando Honda se aproximava, a esposa sentia sintomas físicos como tontura, dor de cabeça e dor de barriga. Parecia terrível para ela ficar no mesmo ambiente que o marido.
“Durante alguns anos ela passou a me evitar e a situação foi piorando. Minha esposa chegou a ir no hospital se consultar, mas a causa de seus sintomas permaneceram desconhecidas”, contou.
Segundo o rellato de Honda, a esposa passou a sofrer os sintomas depois do nascimento do segundo filho do casal. Ela sentia tonturas constantes e reclamava de dor de cabeça e mesmo depois de fazer várias consultas, nenhum médico conseguiu identificar o problema.
E os sintomas só apareciam na presença do marido. “Era só quando eu estava por perto e então eu comecei a pesquisar e pela primeira vez eu me deparei com esse termo ‘fugen-byo’, nunca tinha ouvido falar”, disse com referência a “doença de aversão ao marido” que é conhecida por esse termo no Japão.
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Comportamento frio e distante
Honda conta que o convívio foi piorando aos poucos, até ouvir a esposa dizer que era indiferente a ele, não sentia nem amor e nem ódio.
“Eu sempre ajudei nas tarefas de casa e quando ela foi ficando com esses sintomas, eu fui oferecendo mais ajuda mas tudo que eu dizia ela só respondia com um ‘pode ser’ ou dizia para eu não tocar nas coisas”, reelembrou.
E quando dava carona para a esposa até o trabalho, Honda conta que ela sentava no banco de trás e quando iam juntos buscar as crianças que estavam em atividades esportivas, a esposa sempre caminhava alguns metros atrás, nunca do lado do marido.
“Isto não era nem bom para nós e nem para as crianças, então eu decidi conversar sobre o assunto. Foi quando ela disse que não gostava e nem desgostava de mim, que era indiferente. E disse que não tinha nenhum motivo para me odiar”, explicou.
Honda não sabe o que provocou isto, que tipo de atitudes ou palavras teve que causou o distanciamento e a aversão da esposa com relação a ele. Mas sem conseguir resolver, viver com ela, como uma família, acabou perdendo o sentido.
“Agora estamos no processo de divórcio. Ela vai ficar com a guarda das crianças e eu voltei para a casa dos meus pais por enquanto. Estou pagando sozinho o financiamento de nossa casa e não sei o que vai ser do futuro”, disse.