Tóquio – Abundante no verão japonês e presente em todo o arquipélago, seja no meio rural, nos campos ou nas grandes cidades, um pequeno inseto de coloração vermelha e preta esconde perigos que ninguém imagina à primeira vista.
O “bicho da queimadura”, como é conhecido no Japão (yakedo-mushi), é um inseto da espécie paederus fuscipes, que tem entre 5 mm e 7 mm. Em japonês, o nome oficial é “aoba-arigata-hanekakushi”.
A espécie adora o tempo úmido, se esconde na grama e nos campos de cultivo de alimentos e tem o hábito de se aproximar da luz na escuridão. É um daqueles insetos que se atrai por uma lâmpada acesa em um ambiente escuro, como em um acampamento e pode pousar nas pessoas em volta.
É mais fácil de se deparar com um durante os meses mais quentes do ano. Eles estão mais presentes entre maio e outubro e neste período, é preciso tomar cuidado caso veja um e alertar as crianças que gostam de capturar insetos para cuidar em casa.
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O alerta sobre o bicho da queimadura
Em entrevista ao portal japonês Abema Times, o professor Munetoshi Maruyama, do Museu da Universidade de Kyushu, explicou quais são os riscos ao se deparar com o bicho da queimadura.
“Este inseto carrega uma toxina muito forte, chamada de pederina. Se ele for esmagado e seus fluidos corporais entrarem em contato com a pele humana, a toxina é absorvida e provoca uma dermatite severa. Os sintomas começam uma hora depois, bolhas se formam e é como se tivesse jogado água fervente na pele”. explicou.
E isto justifica o apelido do inseto. De acordo com o professor, esta espécie não ataca, morde ou pica, liberando a toxina quando se sente ameaçado. O líquido é liberado quando o inseto é apertado ou esmagado, o que pode acontecer até por acidente se pousar na pele de alguém e a pessoa reagir com um tapa.
E há outro perigo ainda mais grave:
“É uma toxina muito forte mesmo”, explicou Maruyama. “É pior se entrar em contato com a membrana mucosa. Se a toxina acabar entrando no olho de alguém, ao esmagar o inseto e coçar o olho logo em seguida, tem grande risco de perder a visão”, alertou.
Parece uma preocupação para quem vive em zonas rurais ou faz acampamento, mas a verdade é que o inseto pode ser encontrado mesmo nos bairros de Tóquio. “A quantidade tem diminuído a cada ano, bem como o número de incidentes. Mas é no verão que o inseto está mais ativo e precisamos tomar cuidado”, explicou.
O professor aconselha o uso de calças longas para fazer atividade ao ar livre e especial atenção com as partes do corpo que ficam expostas. Se fizer churrasco e principalmente à noite, o inseto se atrai pelas luzes e pode pousar nas pessoas. “Se estiver preocupado, tente cobrir o corpo nessas ocasiões”.
Se o fluido do inseto entrar em contato com a sua pele ou de alguém próximo, a primeira coisa a fazer é lavar bem. Mesmo após a queimadura, a pele ainda está absorvendo a toxina e por isso ajuda a amenizar a dor se a região for bem lavada.
É recomendado ainda ir ao hospital para fazer o tratamento indicado com esteroides e controlar os sintomas e a dor.