Mishima – Neste fim de semana, o Japão foi surpreendido por um alerta de tsunami de norte a sul: a costa do Pacífico foi afetada por ondas produzidas por uma forte erupção em um vulcão submarino perto de Tonga.
As Ilhas Amami em Kagoshima, no sul do Japão e a costa da província de Iwate, no nordeste do país, passaram por momentos tensos com a ameaça de ondas de até 3 metros. As ondas vieram durante várias horas e felizmente não causaram grandes danos. Mesmo assim, em um evento como este, sempre fica o sentimento de que é preciso pensar na prevenção.
O Japão é um país que vive sob a constante ameaça de forças da natureza, terremotos, ondas gigantes, tufões e outros fenômenos. O sistema voltado para a prevenção é ágil e diante de qualquer risco, logo vem o alerta para deixar a residência e buscar o abrigo mais próximo.
Mas o que fazer quando se tem animais de estimação e é preciso sair de casa diante de um desastre natural? Uma reportagem da emissora Fuji mostrou que as autoridades japonesas vem discutindo esse assunto em algumas regiões e utilizando a experiência do Grande Terremoto e Tsunami de 2011, que afetou a região de Tohoku.
No mês passado, a cidade de Mishima (província de Shizuoka) reuniu autoridades da Associação de Proteção Animal, da prefeitura local e do Controle de Animais (Hokenjo), além de donos de pets interessados neste assunto. O objetivo foi orientar e discutir soluções para quando há a necessidade de se abrigar com os pets.
Em 2011, muitos abrigos na região de Tohoku não estavam preparados para receber os pets e cães e gatos tiveram que ficar presos em carros ou amarrados na rua. Havia pouca comida disponível aos animais até que voluntários conseguiram se organizar para tomar conta dos pets.
A ideia é que em desastres futuros haja uma organização melhor, que conte também com um cuidado prévio por parte dos donos. Algumas medidas precisam ser tomadas para facilitar a evacuação e garantir que o pet ficará tão protegido quanto o dono.
“Há situação muda completamente também para o pet. O animal pode não ter acesso a ração que costumava comer. Em um desastre, há também um forte estresse psicológico e o ambiente muda por completo. Essa situação deixa o animal fragilizado a ponto de ficar doente”, alertou Naoki Muramatsu, mentor da Associação de Proteção Animal.
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Como se preparar com o pet
É preciso que tanto os abrigos como os donos dos animais estejam preparados. Em Shizuoka, a província elaborou diretrizes na última década que visam melhorar as instalações dos abrigos que aceitam animais.
Por outro lado, a consciência do dono também faz toda a diferença em uma situação emergencial. É preciso garantir a ração e os remédios, caso o pet esteja sendo medicado por algum motivo. Além disso, uma forte recomendação é implementar um microchip no animal, com dados de identificação, além de tirar uma foto e deixar o documento com o número do chip acessível.
Quem possui um pet deve acostumá-lo com uma gaiola ou caixa transportadora, fazendo alguns treinamentos com petiscos para que o animal se adapte bem. No caso de ter que ir para um abrigo, é possível que o pet tenha que ficar em um espaço com grades durante algum tempo.
“Como treinamento é importante soltar o pet várias vezes, fazer com que ele não sinta muita pressão. Elogie bastante, encerre o treinamento e faça de novo outro dia”, aconselha Chiho Chatani, funcionária do Departamento de Proteção Animal da província de Shizuoka.
Proteja tanto quanto a você mesmo
Por fim, a melhor maneira de garantir o bem-estar do seu pet é pensar em protegê-lo da mesma forma que você protege a si mesmo. Nunca sabemos quando um terremoto virá e para que este momento não seja uma despedida triste com o animal de estimação, é preciso tomar ações prévias.
“No abrigo, você terá que dividir o espaço com outras pessoas e outros animais. É muito importante que o grupo passe o tempo de forma harmônica em uma situação tão delicada”, alertou Youichi Takegahara, do Controle de Animais ao leste de Shizuoka.
Na ocasião da reunião em Mishima, cartões de prevenção de desastres para pets foram distribuidos entre os donos de animais que estiveram presentes. Os cartões foram feitos para colar a foto do dono e do animal e escrever as características físicas e de saúde, o tipo de alimentação e outros cuidados necessários.
Cabe aos donos pensarem em tudo o que o pet pode precisar em uma situação de emergência e deixar um kit preparado para facilitar o deslocamento emergencial para um abrigo. Além disso, fazer treinamentos frequentes para acostumar o pet com gaiolas e tentar reduzir, ao máximo possível, o estresse ao trocar abruptamente de ambiente.