Tóquio – Um novo ano fiscal começou no Japão este mês e a sensação é parecida com um início de ano. Existe o sentimento de querer fazer diferente, tomar atitude com a arrumação, colocar ordem na casa e na vida. Quem é pai e mãe, também pensa em fazer os filhos dormirem e acordarem cedo, criar bons hábitos e rotina com a família.
Porém, muitas vezes são desejos que não saem do papel. Os dias passam e o que sobra é a frustração e um sentimento de incapacidade diante da desorganização, correria, hábitos ruins, perda de tempo e outras coisas.
A especialista em organização pessoal que tem um método próprio de arrumação e já transformou mais de 1000 casas no Japão, Kyoko Ishizawa, deu entrevista para uma reportagem da Emissora Fuji e falou mais sobre o seu método. Ela acredita que a desordem contínua do ambiente doméstico é a causa da maioria das frustrações diárias.
“Quando você organiza as coisas ao seu redor, sua vida tende a mudar para melhor de um jeito misterioso. Organização é vida e o objetivo não é se tornar minimalista, com poucos itens em casa, mas fazer com que a sua casa funcione de forma natural”, explicou.
A especialista também falou sobre os efeitos negativos da bagunça. Uma cena é comum na vida de quem vive no caos doméstico: não encontrar coisas importnates quando precisa delas. Você está saindo para o trabalho e de repente não encontra os relatórios que precisava levar ou está se arrumando para sair e não encontra a roupa que pretendia vestir.
Quem não tem a casa organizada, frequentemente não encontra os objetos que precisa e isso resulta em um atraso, estresse e perda de tempo constante. Porém, ishikawa alerta que o problema vai além disso.
“Nas minhas lições de arrumação, tem um aluno que diz que a cozinha está sempre uma bagunça e quando quer cozinhar, não consegue imediatamente. Leva-se mais tempo para cozinhar e enquanto isso você tem filhos que estão com fome, você dá biscoitos, as crianças acabam indo para a escola sem café da manhã”, ilustrou.
A falta de arrumação também contribui com um acúmulo de poeira no ambiente, o que pode afetar a saúde dos moradores de outras formas.
“E também existe um prejuízo financeiro que passa despercebido”, comentou ela. “Muitas vezes você não encontra o que procura, embora esteja em algum lugar dentro de casa. Você acaba comprando mais itens daquilo que precisa e gasta dinheiro sem necessidade por culpa da falta de organização”.
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Trate a sala de estar como um café
Ishizaka explica que o ideal é que os moradores tratem a sala de estar como se fosse um café. Aquele ambiente harmonioso e organizado com sofás, mesinha e conforto. Assim como em uma cafeteria, esse é um dos espaços em comum dos moradores, não é como o quarto privado de cada membro da família.
Manter a ordem nesses espaços, que também inclui a cozinha, melhora a rotina dos membros da família e você pode evitar que objetos importantes acabem perdidos porque estão no lugar errado ou não há um lugar destinado a eles.
“Uma regra básica é: defina o endereço das suas coisas e depois de usar, devolva ao lugar imediatamente. Defina o que são coisas para se guardar no ambiente comum, como a sala e a cozinha e o que são coisas para guardar nos quartos. E se levar coisas para a sala, como materiais das crianças, pense sempre que a sua sala é um café e organize assim que a atividade terminar”.
A família e a arrumação
Quem mora sozinho tem mais facilidade para implementar regras de organização e arrumação dentro de casa, mas isso pode ser um desafio quando há um marido, esposa, filhos em idades diferentes. A pessoa mais interessada em manter a ordem pode encontrar dificuldades se não houver a colaboração dos outros moradores da casa.
Ishizawa sugere que isso seja resolvido no diálogo. É importante que a família entenda os prós da organização, os problemas que a bagunça gera e o quanto todos têm a ganhar ao seguir as regras básicas no dia a dia e evitar abandonar objetos perdidos pela casa.
“Explique os seus motivos. Você quer uma sala de estar em ordem e que seja adequada para relaxar, você quer uma casa em ordem para que possa convidar seus amigos. Costuma funcionar quando cada pessoa tem a oportunidade de pensar nas vantagens que terão, em vez de tratar a situação como uma imposição chata e desnecessária”, sugeriu.
A arrumação da casa também pode resultar no desapego e descarte de muitos objetos sem utilidade. Porém, como Ishizaka diz, o objetivo não é se tornar uma pessoa minimalista, mas fazer a casa funcionar. Os objetos podem ser armazenados em depósitos e analisados para que o desapego aconteça quando realmente faz sentido se desfazer.