Tóquio – O Japão foi o país que tomou as medidas mais duras com estrangeiros no início da pandemia do coronavírus em 2020. Muitos estrangeiros que tinham data para fazer intercâmbio no país ou parar trabalhar no Japão, acabaram tendo que adiar os planos por muito tempo.
E nisto, muitos desistiram de vir, outros levaram mais de um ano para poder embarcar e a imagem ruim ficou para muitos estrangeiros. Uma reportagem da emissora Fuji TV mostrou que os esforços do país tem resultado em um aumento no número de intercambistas asiáticos e europeus, mas a procura de norte-americanos para estudar no Japão não é mais a mesma.
Os dados do governo japonês mostram que entre 2020 e 2021, o número de intercambistas dos Estados Unidos que vieram ao Japão foi de 124. É um dado baixíssimo pelo efeito da pandemia e restrições e antes disso, o país recebia mais de 8.900 estudantes da terra do Tio Sam.
Uma queda de 99% que preocupa o governo japonês, que está interessado em atrair mão de obra altamente qualificada e em fortalecer os laços sociais e políticos entre o Japão e os Estados Unidos. A baixa presença dos estudantes norte-americanos causa um problema que as autoridades estão tentando solucionar.
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Campanha nas redes sociais
As embaixadas do Japão e dos Estados Unidos se uniram em uma campanha para tentar fortalecer a imagem do Japão como um lugar atrativo e interessante para o intercâmbio.
Estudantes que já moraram no Japão estão sendo chamados para prestar seus depoimentos sobre a vida no país e as redes sociais, como o Instagram, se tornaram palco da propaganda. As hashtags #USJapanStudyAbroad e #JapanUSStudyAbroad foram utilizadas na campanha realizada durante o mês de novembro.
O principal desafio é mostrar que o Japão é receptivo aos estrangeiros, depois de as restrições, mais severas do que em outras nações desenvolvidas, terem causado insatisfação, estranheza e revolta de muitos que tinham planos de morar no país.
Os participantes da campanha são americanos que estão fazendo intercâmbio no Japão ou que fizeram no passado. Com o tema de “o intercâmbio no Japão mudou a minha vida”, esses estudantes compartilharam suas experiências pessoais e como a vida nas terras nipônicas trouxe aprendizados e lições.
O Japão costumava acolher muitos estudantes norte-americanos, que se formavam nas universidades, em nível de mestrado ou doutorado. Havia uma expectativa de que esses novos trabalhadores ficassem no país, contribuindo com o desenvolvimento tecnológico, trabalhando em empresas e fortalecendo as relações sociais e políticas dos dos países.
O funcionário do Ministério da Educação do Japão (MEXT), que trabalha na Embaixada do Japão em Washington, Taiichi Kaneshiro, falou para a Fuji sobre a questão da imagem negativa que se manteve na mente dos norte-americanos como um efeito colateral das restrições.
“Os estudantes dos EUA viram o Japão tomar medidas rígidas e ficaram com a impressão de que o país é rigoroso demais com estrangeiros. Eles estão com receio de fazer intercâmbio, não sabem se serão bem acolhidos. Estamos escutando que muitos decidiram ir para outro país em vez do Japão”, explicou.