Gifu – Um dos personagens que protagonizou o escândalo em redes de sushi no Japão, no início deste ano, é um garoto menor de idade que vive na província de Gifu.
No fim de janeiro, um vídeo em que o garoto, com os cabelos pintados de loiro, aparece lambendo recipientes de shoyu e copos limpos de chá em um restaurante da rede Sushiro repercutiu nas redes sociais e gerou revolta pública.
O jovem foi um entre outros que cometeram o mesmo ato na sequência, gravando o comportamento que é conhecido no Japão como “meiwaku koui”, o ato de gerar uma perturbação pública.
Segundo uma reportagem do portal Post Seven, a rede Akindo Sushiro sofreu inúmeros prejuízos por causa do episódio e não deixou barato. Eles entraram em um processo contra a família do garoto na Corte de Osaka e estão pedindo ¥67 milhões de indenização.
Além de uma possível perda de clientes e o vídeo ter contribuído para uma imagem negativa dos tradicionais restaurantes de sushi do Japão, a rede também teve que tomar medidas preventivas para garantir que os objetos compartilhados entre os clientes estejam seguros.
No vídeo que foi gravado por um amigo, o garoto aparece lambendo a parte superior do recipiente, antes de devolver para o mesmo lugar, rindo e tirando onda. Ele também faz o mesmo com copos limpos de chá e devolve para o lugar, como se não tivesse sido usado.
O vídeo de 48 segundos mostra o jovem brincando, rindo e se divertindo, sem nenhuma consciência do transtorno causado para outros clientes e o restaurante. O amigo também se limita a gravar e comentar e não condena ou tenta impedir o garoto de lamber os utensílios.
No dia em que o vídeo foi gravado, dá para imaginar que nenhum dos dois garotos pensou na grande repercussão que causariam nas redes sociais e em um possível processo milionário da rede de sushi.
No entanto, depois que tudo se desenrolou, a família garante que o filho está triste, desanimado e muito arrependido. A família está em uma luta com um advogado na justiça para tentar reverter o processo e o pedido de indenização.
Uma carta foi elaborada com um pedido de cancelamento do processo, mas a rede Sushiro não parece nem um pouco inclinada a abrir mão da indenização e garantir que o caso sirva de lição para outros jovens e mesmo adultos que pensem em fazer a mesma brincadeira de mal gosto em algum restaurante.
Rede Sushiro é uma das mais populares de sushi de esteira no Japão. Reprodução / Post Seven.
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A entrevista com a família
Em fevereiro deste ano, a família do jovem deu entrevista para repórteres da revista Shukan Post que foram até a casa do garoto para conversar e saber mais sobre como estão lidando com o caso.
A família mora em uma zona rural da província de Gifu, nas proximidades de uma montanha e a estação de trem mais próxima fica a cerca de 40 minutos de carro.
Quando o repórter bateu na porta, o pai do menino atendeu de forma solicita e pediu desculpas pelo comportamento do filho e todo o transtorno que se prosseguiu depois da divulgação do vídeo.
O repórter perguntou se aquele comportamento teria sido influência do amigo e o pai titubeou, disse que não sabia se poderia fazer esse tipo de informação e que não poderia dar muitos detalhes sobre o caso por causa do processo e o envolvimento do advogado.
Depois disso, o repórter perguntou como o garoto estava e disse ao homem que poderia se limitar a contar o que ele achava que dava para dizer publicamente.
“Ele está muito, muito arrependido e entristecido. Anda para baixo todos os dias”, disse o pai com lágrimas nos olhos.
Mais de dois meses depois do incidente, a mãe do garoto também deu entrevista e comentou que o filho continuava muito triste e arrependido de seus atos.
De acordo com a reportagem, a leitura pública é que o arrependimento não deve ser suficiente para resolver o caso na justiça. É possível que o juiz não aceite o pedido de ¥67 milhões e acabe decidindo por um valor mais baixo de indenização, mas é improvável que o caso seja cancelado.
Um dos motivos apontados no artigo é o evidente prejuízo que a rede sofreu, com uma deterioração da imagem, uma possível redução de clientes e os custos necessários para tomar medidas higiênicas que deixem os clientes mais seguros e dispostos a frequentar o restaurante.
Além disso, o caso foi grave e se não for levado com seriedade e uma cobrança justa de indenização, é possível que volte a acontecer. O processo que o garoto e outros jovens que gravaram vídeos parecidos terão de enfrentar deve ajudar a passar uma forte mensagem de que esse tipo de comportamento não será tolerado.
O caso ainda será resolvido e por enquanto, as redes de sushi do Japão continuam trabalhando para restaurar a imagem pública e a confiança dos clientes.