Tóquio – O encolhimento populacional tem sido um problema social grave para o governo japonês. A cada ano, a taxa de natalidade cai e atinge um novo recorde: o número de crianças está cada vez menor e os idosos já representam quase 30% da população.
O cenário em 30 anos tende a ser trágico, ao menos de acordo com as estimativas do Intituto Nacional de Pesquisa Populacional e Seguridade Social do Japão (IPSS em inglês). Os pesquisadores avaliam a cada 5 anos as perspectivas de futuro da nação e os dados mais recentes, divulgados pela Emissora NHK, são preocupantes.
Em 2050, a população japonesa deve reduzir de 124 milhões para 104 milhões de habitantes. A queda será expressiva em todas as províncias, exceto Tóquio.
Em 11 províncias (20% do total) o número de habitantes será 30% menor do que é hoje e algumas regiões serão bastante afetadas. De acordo com o Instituto, a província de Akita deve perder 42% da população e os registros apontarão que metade dos habitantes tem mais de 65 anos.
A província de Aomori pode perder 39% da população até 2050 e em Iwate e Kochi, a queda esperada é de 35%. Além disso, 96% das prefeituras de cidades ou vilarejo sofrerão com a queda nos números.
Em Aomori, Iwate e Okinawa, o número de idosos deve superar 40% da população local. Em Tóquio, 33% terão mais de 65 anos e em Kanagawa, a expectativa é de 26%.
Mais idosos, menos jovens e uma população cada vez menor deve impactar o sistema de forma ampla. Problemas que já são vistos hoje, como a baixa aposentadoria ou a falta de mão de obra, devem se agravar se medidas efetivas não forem tomadas.
Leia também: Polícia japonesa faz alerta sobre batedores de carteira depois de registrar centenas de furtos em Tóquio
Os problemas para o futuro do Japão
Se o governo japonês não for capaz de conter a queda populacional, com incentivos e aprimoramento do sistema para encorajar a criação dos filhos e obtenção de mão de obra, o futuro do Japão poderá ser preocupante para todos os cidadãos que estão no país.
O pesquisador e especialista nas questões populacionais, Takumi Fujinami, deu mais detalhes à Emissora NHK:
“Grandes capitais como Tóquio conseguem manter sua população, mas no interior, a expectativa é de uma grande queda no número de moradores. Nas localidades em que a população vem encolhendo em um ritmo rápido, não será possível manter a infraestrutura e o transporte público deve chegar a um nível mínimo”, estimou.
Para Takumi, esta é uma oportunidade de repensar o sistema e as necessidades da população, considerando a situação que deve se desenhar nas próximas décadas.
“Há muitos idosos morando no interior e no futuro, a população de muitas províncias vai envelhecer bastante. É preciso pensar também em como não deixar que a qualidade de vida caia quando isto acontecer”, disse.
Além disso, o fato de que os jovens tendem a se mudar para as cidades grandes, também é problemático. As capitais acabam sofrendo menos com a queda da população, mas as cidades de interior tendem a ficar cada vez mais tomadas por idosos e com dificuldade de manter seus sistemas públicos e serviços de apoio.
“As empresas precisam desempenhar um papel importante para que os jovens não tenham que se mudar para grandes cidades. Isto vai exigir investimentos para que ocorra a promoção do trabalho nas cidades pequenas, desenvolvimento e contratações”, sugeriu.
Com esforços por parte do governo, empresas privadas e a própria população, é possível tomar medidas e evitar que o Japão enfrente uma situação bastante difícil no futuro.