Tóquio – Todo casal tem seus problemas e desafios a enfrentar e nem sempre a convivência é harmoniosa. Porém, quando chega ao ponto de odiar o marido (ou a esposa), pode ser o momento de pedir o divórcio ou buscar uma terapia.
Só que isso não costuma acontecer no Japão. Uma pesquisa com mulheres casadas, que não estão considerando ou em processo de divórcio, mostrou que uma em cada três chegou ao ponto de odiar seus companheiros.
A pesquisa foi realizada pela empresa Coomil, que tem sede em Tóquio e administra o PaMarry, um portal dedicado a falar sobre os problemas e aflições de casais. Entre setembro de 2022 e outubro de 2023, 1029 mulheres casadas entre 20 e 69 anos foram entrevistadas pela internet.
As mulheres tiveram que responder se amavam ou odiavam os maridos. E mais de 40% disseram que gostavam (334) ou amavam (114). Por outro lado, 189 mulheres disseram que “odiavam um pouco” e outras 141 responderam que “odiavam muito” os maridos.
A proporção foi de uma para de três mulheres casadas. Uma em cada três está mais propensa a enxergar os pontos negativos da relação e se sente cansada, estressada e desmotivada com o relacionamento.
Quem respondeu que amava o marido, deu algumas justificativas positivas. Uma mulher na faixa de 30 anos disse que o companheiro “é o tipo de pessoa que escuta você até o fim, mesmo quando a conversa é chata”. Outra, na mesma idade, disse que o marido “toma iniciativas para cuidar da casa e dos filhos e nos dias de folga, sempre brinca com as crianças”.
Uma mulher de 50 anos comentou:
“A gente até briga, mas mesmo depois dos 50 anos a gente segue tendo conversas interessantes e se divertindo, ele é uma pessoa singular”.
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Os motivos para odiar o marido
As entrevistadas que revelaram uma insatisfação com os parceiros também deram seus motivos e houve muitas respostas parecidas. Algumas reclamações foram sobre o jeito de agir em casa, como lida com o serviço doméstico e as responsabilidades com os filhos. Outras mulheres desabafaram sobre a personalidade de seus maridos, comportamento agressivo, pessimismo e um jeito negativo de encarar a vida e o mundo.
Uma jovem na faixa dos 20 anos comentou:
“Ele é desleixado, fica bravo facilmente, não ajuda em nada com as crianças e está sempre emburrado”.
Outra mulher, com um pouco mais de 40 anos, falou do incômodo que sente com o jeito de trabalhar do marido.
“Ele volta para a casa e continua trabalhando sem parar. E quando não está trabalhando, fica o resto do tempo no celular. Não é divertido em nenhum momento, não tem graça nenhuma ficar perto dele”.
Uma entrevistada de 30 anos comentou o quanto o relacionamento com o parceiro parece não existir.
“Ele simplesmente não se importa comigo. Tem um comportamento arrogante e eu não sinto nada além de ressentimento”.
Muitas mulheres também focaram suas reclamações nos problemas domésticos que são mais comuns: a falta de participação dos maridos nas tarefas domésticas ou na criação dos filhos, algo que também tem um lado cultural no Japão.
Uma mulher de 30 anos comentou:
“Quando ele está de folga, fica ocupado com seus hobbies. Eu tenho cuidado de tudo sozinha, da casa e dos nossos filhos e aos poucos passei a odiá-lo”, desabafou.
Outra mulher, na faixa de 20 anos de idade, disse que se sente cansada:
“Ele não ajuda com absolutamente nada em casa. Nós dois trabalhamos fora e mesmo assim, eu sou a única a fazer faxina e cuidar da casa”.