Quioto – Um time de pesquisa da Universidade de Quioto conseguiu confirmar que uma parte específica do cérebro está diretamente relacionada com a adaptabilidade em situações de estresse.
Testes foram realizados com camundongos e os resultados foram publicados em revistas científicas internacionais. A expectativa é que a manipulação desta região do cérebro possa ser utilizada para tratar doenças como a depressão.
Segundo o Jornal Yomiuri, os testes foram realizados com dezenas de ratos, que foram divididos entre as linhagens com baixa e alta predisposição ao estresse. Esses ratos foram inseridos um a um em gaiolas com ratazanas maiores e agressivas e os pesquisadores analisaram as reações dos ratos de cada grupo por cinco dias.
Houve uma grande diferença no comportamento dos dois grupos. Enquanto os ratos com maior adaptabilidade natural ao estresse tentavam interagir com a ratazana e agiam mais proativamente, os camundongos mais dispostos ao estresse tentavam manter distância e ficavam no canto da gaiola, paralisados.
De acordo com o professor associado Shusaku Uchida, que faz parte do time de pesquisa do Departamento de Neurociência Molecular da Universidade de Quioto, os experimentos mostraram a importância da proteína Fos, que regula a atividade dos genes, no comportamento relacionado ao estresse.
Basicamente, ao analisar os cérebros dos ratos com alta predisposição ao estresse, os pesquisadores identificaram que havia uma escassez da proteína Fos e eles também apresentavam menos habilidades de cognição social. Ao inserir a proteína artificialmente, os ratos se tornaram mais sociáveis e resistentes ao estresse.
No caso dos camundongos que eram naturalmente mais adaptáveis, o mesmo aconteceu em um experimento contrário. Ao diminuir a quantidade de Fos em seus cérebros, eles se tornam mais estressados e menos sociáveis.
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Tratamento para depressão
Foto de Anthony Tran na Unsplash. (Imagem ilustrativa)
Os time de pesquisa ficou animado com os resultados, pois a quantidade de Fos também é baixa nos pacientes com depressão. O professor Uchida acredita que os resultados podem ajudar a desenvolver novos tratamentos.
“É possível que esses experimentos ajudem a entender as causas da depressão provocada pelo gatilho do estresse e também se conecte com novas possibilidades de tratamento”, comentou.
Descobrir a relação da proteína com o estresse é um avanço, mas segundo o professor de psiquiatria da Universidade de Kumamoto, Jitsuhiro Takebayashi, há uma rede complexa por trás dos distúrbios mentais que deve ser considerada.
“O Fos é uma proteína comum aos camundongos e aos humanos e esclarecer a relação com o estresse é muito significativo. Porém, como os distúrbios mentais envolvem várias redes cerebrais, é necessário também examinar outras regiões do cérebro”, explicou.