Yasu – O Japão enfrenta um problema social forte com o bullying nas escolas e suicídio de crianças. Na maioria das vezes, a vítima sofre maus-tratos, ofensas e perseguições de colegas. Mas há casos também em que o agressor está na figura do professor, que deveria ensinar, respeitar e proteger.
Um menino do segundo ano de uma escola primária na cidade de Yasu (província de Shiga), sofreu com o bullying, perseguições e maus-tratos que partiram de um professor e se expandiram na classe.
Segundo uma reportagem da Emissora Nippon TV, o professor, um homem na faixa de 50 anos, decidiu que o aluno tinha alguma deficiência de desenvolvimento, embora o menino não tivesse nenhum diagnóstico e nem a família tivesse notado qualquer sinal disto.
A suposta deficiência teria sido utilizada de pretexto para gerar constrangimentos e influenciar a turma a ignorar o colega. Em sala de aula, o aluno fez uma pergunta e foi ridicularizado. O professor respondeu que ele “realmente não conhecia as palavras” e que ia fazer um “quizz” para o aluno que não sabe as palavras.
Depois, o professor também sugeriu que o menino fosse ignorado por todos e isso se refletiu no comportamento dos colegas, que atenderam ao pedido do professor e a vítima ficou socialmente isolada na sala de aula.
Em junho, a mãe do aluno teve uma reunião com o professor e ouviu a sugestão de que o filho tinha uma deficiência de desenvolvimento e deveria fazer um exame. A mulher achou estranho e ao conversar com o filho sobre o professor, soube tudo o que ele tinha passado em sala de aula.
O professor não foi demitido, mas foi afastado da função de ser o responsável pela turma. Depois que a questão veio à tona e o Comitê de Educação de Yasu pediu desculpas pelo comportamento inaceitável de bullying, o professor alegou que estava com problemas de saúde e está ausente da escola desde o início do segundo semestre.
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Casos de bullying no Japão
Lidar com o bullying é um desafio para as escolas e entidades de educação no país. Por mais que o Ministério da Educação (MEXT) tenha suas diretrizes sobre como agir nesses casos e as investigações rigorosas que devem ser feitas, além das medidas de prevenção, com enquetes anônimas distribuídas em sala de aula, muitas vezes os casos são descobertos quando já é tarde demais.
Nem todas as vítimas se sentem confortáveis para pedir ajuda aos familiares ou professores e quando a situação de sofrimento se prolonga durante algum período, há casos que terminam em suicídio.
De acordo com os dados do governo japonês, o pior ano foi 2020, quando houve um aumento de quase 100 casos em comparação ao ano anterior e um total de 415 jovens e crianças que acabaram tirando a própria vida.
Todos os anos, há centenas de casos de suicídio infantil no Japão e embora nem todos sejam por causa de bullying, a prática nas escolas influencia este dado e resulta em tragédias que poderiam ter sido evitada se a instituição tivesse agido antes de a situação se agravar.