Osaka – Há um ano, um crime tomava conta das manchetes da mídia japonesa: Manami Aramaki, de 29 anos e a filha Lily, de 3 anos, tinham sido encontradas mortas no apartamento onde viviam em Sakai, na província de Osaka.
Os sinais indicavam um assassinato brutal: mãe e filha foram esfaqueadas e o marido, o brasileiro Anderson Barbosa, estava desaparecido. Poucos dias depois, a polícia japonesa conseguiu confirmar que Anderson embarcou para o Brasil no dia seguinte ao crime.
Ele voltou ao Paraná, seu estado de origem e ainda ficou quase um ano em liberdade, por causa das burocracias da investigação envolvendo os dois países. No mês passado, Anderson finalmente foi preso e nesta semana, se tornou réu por duplo homicídio qualificado por motivo fútil em um crime enquadrado também como feminicídio.
O caso deixou a justiça japonesa de mãos atadas. Se o brasileiro tivesse sido preso no Japão, o processo teria ocorrido mais rápido e a condenação poderia ser mais severa nos moldes do sistema judicial nipônico, que é um país que aceita a pena de morte.
Nas mãos da justiça brasileira, Anderson conseguiu retardar o processo e garantir um julgamento e condenação no Brasil, pois não há um acordo de extradição entre os dois países que possibilite o envio do acusado para ser julgado no local onde cometeu o crime.
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Os próximos passos
Anderson se tornou réu na terça-feira (15), após a Justiça Federal do Paraná aceitar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF). E são vários agravantes na acusação: homicídio duplo qualificado por motivo fútil com emprego de meio cruel e sem possibilidade de defesa por parte das vítimas, feminicídio e o fato de uma das vítimas ser uma criança.
O juiz substituto da 13º Vara Federal de Curitiba, Murilo Scremin, recebeu a denúncia e decidiu manter a prisão preventiva do réu. Anderson aguarda as próximas etapas do processo no Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais, uma cidade no Paraná.
Ainda não se sabe quanto tempo irá levar até que o caso tenha um desfecho, mas a defesa de Anderson emitiu nota informando que irá revelar fatos e materiais para mostrar que a acusação é “injusta”.
Tudo indica que o crime e a fuga para o Brasil aconteceram com planejamento e prepativos.
Logo depois do crime, Anderson ligou para o trabalho e disse ter sofrido um acidente de bicicleta e que não apareceria para trabalhar durante duas semanas. Ele também teria utilizado o celular da vítima e mandado uma mensagem aos pais dela pedindo que não viessem visitar, com o objetivo de retardar a descoberta dos corpos.
O homem conseguiu embarcar antes que o crime fosse descoberto. Dias depois, quando os corpos foram encontrados, ele já estava no Brasil e não tinha nada que a polícia japonesa pudesse fazer além de reunir as provas e encaminhar ao Brasil. Anderson teria cometido o crime porque a esposa queria uma separação por causa de seu comportamento abusivo e violento.
Mais detalhes devem ser revelados durante as audiências do caso.