Nagoya – Uma menina de 13 anos, que estudava em uma escola ginasial em Nagoya (Aichi), cometeu suicídio depois de meses sofrendo bullying e inúmeros pedidos de socorro.
De acordo com uma reportagem da emissora Tokai TV, a menina estava no 1° ano da escola e sofria ataques de colegas pelo aplicativo de mensagens LINE, muito popular no Japão.
Ela chegou a se consultar com o professor responsável pela turma e mandou inúmeras mensagens pedindo socorro, mas não houve providências da escola para resolver o caso antes que a tragédia ocorresse.
“Se eu soubesse o que se passava, poderia ter a colocado em outra escola. Acho que muita coisa poderia ter sido feita, mas agora não adianta lamentar, pois já é tarde demais”, desabafou o pai da menina na reportagem televisiva.
A menina cometeu suicídio no dia 9 de março, depois de voltar da escola para a casa.
Investigação sobre bullying
Na noite do dia 15 de março, representantes do Comitê de Educação de Nagoya falaram sobre o caso publicamente, em uma coletiva de imprensa.
Na ocasião, foi dito que há “grandes chances” de a menina ter tirado a própria vida como consequência do bullying e que o caso será investigado em detalhes.
No entanto, muitos detalhes já vieram a tona, principalmente o fato de que a menina pediu ajuda inúmeras vezes.
“A aluna recebeu muitas mensagens com ataques pessoais. No fim de novembro do ano passado, ela desabafou sobre o que estava sofrendo com um professor. Eram dois colegas que estavam atacando a vítima em um grupo no LINE e ela contou sobre isso”, disse um representante do Comitê.
O professor teria perguntando o nome dos colegas que estavam praticando bullying, mas a menina não quis revelar.
“Ela disse que não queria entregar os nomes e ficou por isto mesmo. Depois o professor conversou com os responsáveis pela menina, mas a vítima insistiu que não queria revelar os nomes dos agressores”.
A escola descobriu os nomes dos alunos responsáveis em janeiro e eles deveriam ser orientados para que parassem de atacar a colega. No entanto, a escola confirmou com a menina o que seria feito e ela insistiu que não queria que ninguém falasse com eles.
A menina estava com medo de sofrer represálias dos colegas caso a escola chamasse a atenção por estarem praticando bullying.
Como a menina pediu para que não chamassem os agressores para conversar, a escola não tomou as medidas de costume para prevenir o bullying e o caso ficou por isto mesmo.
“A escola viu o quanto a menina estava com medo de sofrer uma possível vingança e a situação piorar caso os agressores fossem notificados e orientados a parar com o bullying. Por isso, as crianças não foram orientadas”, explicou o representante na reunião do Comitê.
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Relatório do caso
A menina parou de assistir as aulas na sala de aula em fevereiro e passou a frequentar uma sala individual, para que ficasse longe dos agressores.
Desde janeiro, ela passou a faltar muitas vezes ou a sair mais cedo da aula. Durante todo o mês de fevereiro, mesmo que fosse para a escola, não podia podia frequentar a sala com os colegas e então passou a estudar sempre na sala separada, sozinha com o professor.
No dia em que cometeu suicídio, a menina foi para a escola e ficou apenas na sala individual. Ela voltou para a casa por volta do meio-dia e então tirou a própria vida.
Sobre as mensagens de ataques enviadas pelo aplicativo LINE, o Comitê de Educação não quis revelar.
“Eram mensagens muito pesadas que devem ter provocado ferimentos psicológicos enormes na vítima. Não gostaríamos de revelar este conteúdo”, disse o representante do Comitê.
A menina costumava ser alegre e ativa, até que, aos poucos, foi perdendo o bem-estar e passou a agir de forma triste e desmotivada.
“Neste ano eu percebi que ela não estava bem e chegamos a conversar sobre isto. Acredito que naquele momento ela estava sofrendo. Não consigo entender como foi chegar a este ponto, não consigo acreditar”, disse o pai..
Foram vários pedidos de ajuda, incapazes de resolver a questão antes que o pior acontecesse.
O Comitê de Educação de Nagoya irá coordenar uma reunião com especialistas de fora para analisar as medidas de prevenção ao bullying e confirmar os fatos relacionados ao caso desta menina.