Tóquio – Um primeiro encontro amoroso dificilmente é confortável, apesar das expectativas para os dois lados. É preciso se arrumar, dedicar tempo e lidar com o custo financeiro, que muitas vezes fica nas mãos do homem.
No Japão, muitos jovens já colocaram os prós e contras na balança e acabaram decidindo que não vale a pena se envolver amorosamente com alguém na vida real. Uma pesquisa do Governo Central do Japão com homens e mulheres na faixa de 20 anos mostrou que 40% dos rapazes e 20% das moças nesta idade nunca tiveram um encontro amoroso.
A pesquisa foi divulgada em um artigo da repórter de relacionamentos amorosos Sachiko Busujima, publicado no portal japonês All About. A reportagem traz algumas justificativas para este comportamento e histórias de pessoas que acabaram se satisfazendo amorosamente de outras formas.
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Romances não reais no lugar de encontro amoroso
O Japão tem sofrido com o envelhecimento populacional e a baixa taxa de natalidade. Anualmente há mais de 30 anos o número de nascimentos cai e isto deve se tornar um problema cada vez mais grave e acabar por afetar tragicamente a economia do país no futuro.
A preocupação gira em torno dos nascimentos, mas o problema pode ir além, começando pelos jovens que sequer estão interessados em um primeiro encontro amoroso ou até estão, mas não sabem como dar este passo ou como se relacionar com o tipo de pessoa que tem interesse.
“M” é uma japonesa de 30 anos que trabalha como professora de uma escola ginasial. Ela nunca teve um encontro amoroso na vida e deu esta declaração:
“Eu nunca fiz o tipo garota popular e na época da escola gostava de uma pessoa, mas nunca consegui nem falar com ele. Não sabia como me aproximar e até hoje sou assim com o sexo oposto”, diz.
Ela diz que não pensa em tentar um primeiro encontro e substituiu seus desejos amorosos por outros mais simples e fáceis de se envolver. Ela gosta de mangás do gênero “boys love” (romances entre homens) e vídeos de shows de boybands que acompanha.
“M” vive o “pseudo-romance” dos mundos ficcionais e na vida real, acredita que não precisa de um romance real com alguém.
“Eu fico só com a adrenalina do romance na ficção, ouvindo palavras bonitas na hora certa. Acho que não preciso de um encontro real, o custo-benefício também não compensa”, analisa.
Mesmo assim, ela pensa em se casar um dia e até ter filhos, mas não pretende embarcar na saga de procurar alguém que desperte uma paixão real e tentar encontros amorosos até se deparar o cara ideal para uma vida a dois.
“Eu penso em casar e até ter filhos, mas tenho aversão aos relacionamentos. É trabalhoso ter um encontro e se for casar, penso que pode ser um encontro arranjado com alguém que também está pronto para isso. Não é eficiente sair para vários encontros com pessoas que talvez não resulte em nada”, explicou.
Uma visão um pouco diferente sobre a construção de um relacionamento amoroso e uma família com alguém.