Tóquio – Há mais de dois anos a população japonesa tem convivido com o uso diário das máscaras cirúrgicas para conter a transmissão do coronavírus.
Mesmo assim, o país vem enfrentando uma situação preocupante com o alto índice de casos, que já colocou o Japão no topo do ranking da Organização Mundial de Saúde (OMS) por várias semanas consecutivas.
O uso diário das máscaras, que já se tornou um hábito enraizado entre japoneses e estrangeiros que vivem no país, pode estar sendo prejudicial. O médico japonês Yusuke Ikei, especialista em medicina do trabalho, foi além nesta constatação e alertou que a rotina mascarada por mais de dois anos tem trazido problemas físicos e de saúde.
“A máscara força o usuário a respirar mais pela boca e isto é ruim. Ao respirar constantemente pela boca, o individuo sofre com um enfraquecimento dos músculos da face e isto provoca flacidez na pele. Além disso, a imunidade diminui e é mais fácil se contaminar com vírus ao respirar pela boca, porque os germes entram mais facilmente”, alertou ao portal President Online.
Ele explicou que tem aumentado os casos de pessoas com problemas provocados pela respiração oral constante. E isto está relacionado com o dia a dia de máscara cirúrgica. Mesmo quando há orientações do governo para deixar o acessório de lado em algumas situações, os japoneses tem insistido por questões de estética e conforto.
“O básico da respiração humana é pelo nariz. Normalmente respiramos pelo nariz, a menos que você faça uma atividade física e precise de mais oxigênio ou esteja com o nariz entupido. Ao respirar somente pela boca, vários problemas físicos e de saúde acontecem”, reiterou.
Uma das questões não é apenas por respirar pela boca, mas também porque a máscara reduz a oportunidade de mostrar expressões faciais durante a comunicação e de acordo com Yusuke, os músculos começam a enfraquecer nesta condição.
“Se você para de movimentar os músculos das expressões faciais, acontece um enfraquecimento da musculatura porque não está sendo usado. Os músculos ao redor da face não são exceções disso”, explicou.
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Risco maior de infecções
Chega a ser irônico pelo fato de que o papel da máscara é justamente proteger o usuário contra infecções, principalmente o coronavírus. Mas na prática, a máscara pode até ter um efeito contrário por acostumar o individuo a respirar mais tempo pela boca.
“Ao sugar o ar pelo nariz, ele passa por uma filtragem que consegue barrar a entrada de germes e bactérias no organismo. Mas não existe isso se for pela boca e ao respirar assim, você permite que os agentes infecciosos entrem com facilidade. A garganta seca e isto facilita as infecções, se torna mais fácil pegar um resfriado ou influenza”, alertou.
A respiração pela boca também promove outras condições de saúde relacionadas, como a síndrome do intestino irritável ou a colite ulcerativa, que é uma doença intestinal infecciosa.
“A imunidade do organismo baixa com este tipo de respiração constante e há mais casos de diarreia e dores de barriga. Não se sabe a causa certa dessas doenças, mas temos casos de pacientes que tiveram melhora no quadro clínico ao reduzir o período que passavam respirando pela boca”, disse.
É preciso encontrar um equilíbrio para que as máscaras cumpram a função de proteger e não provoquem danos de saúde.