Nagoya – Enquanto especialistas, governos e a mídia fortalecem a campanha de vacinas contra o coronavírus, para trazer o mundo de volta aos tempos normais, notícias falsas têm imposto obstáculos na imunização.
Uma reportagem da emissora Fuji TV informou que alguns boatos se espalharam entre as redes sociais utilizadas pelos japoneses. Rumores de que as vacinas causam aborto natural ou que são responsáveis por partos prematuros, tem assustado um público que precisa do imunizante.
O vírus, que no começo da pandemia parecia não afetar as gestantes, acabou se tornando mais perigoso. Ao contrair a covid-19, as grávidas podem ter agravamento dos sintomas, o que pode provocar um parto prematuro ou mesmo o óbito da mãe e o do bebê.
Diante dos perigos do vírus, as grávidas estão no grupo de risco para obter o imunizante. A campanha era para que as gestantes tomem as doses, mas os rumores na internet tentam impedir.
“82% das grávidas que tomaram a vacina estão sofrendo aborto”
“No futuro, o filho do seu filho será estéril por causa da vacina”
Mensagens como essa foram divulgadas e reproduzidas, lançando dúvidas em muitas pessoas que deveriam tomar a vacina rapidamente.
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Reações aos rumores sobre vacinas
Uma gestante contou a emissora Fuji que desistiu do imunizante por causa dos boatos que ouviu sobre riscos.
“Eu penso que não tem problema tomar depois do parto. Mas enquanto estiver grávida, acho melhor não arriscar”, disse.
Outra gestante compartilhou um pensamento parecido.
“Não sei se o bebê pode sofrer algum efeito colateral e acho que só vamos ter a resposta para isto daqui algum tempo. Por causa disso, fico preocupada com a ideia de tomar a vacina”, contou.
O diretor do Hospital de Maternidade de Nagoya, na província de Aichi, Haruomi Kondo, disse em entrevista que essas informações espalhadas nas redes sociais não possuem fontes verdadeiras.
“Não há nenhum registro ou relatório emitido com dados que sugerem alta probabilidade de abortos naturais, nascimentos prematuros ou óbito do feto com as vacinas do coronavírus”, explicou.
A Sociedade de Obstetricia e Ginecologia do Japão (JSOG) também deu uma declaração referente aos boatos, a fim de tranquilizar as gestantes que ficaram preocupadas.
“A pesquisa realizada com 35 mil gestantes vacinadas nos Estados Unidos negou que os imunizantes provoquem qualquer tipo de influência no feto. As gestantes podem e devem se vacinar”, disse um representante.
O Ministério do Trabalho, Saúde e Bem-estar Social do Japão utilizou as informações da JSOG como base para fortalecer os pedidos de que as gestantes procurem tomar a vacina.
Kondo acredita que o risco de não tomar a vacina é muito maior do que de reações ao imunizante.
“O útero da mulher grávida vai se expandindo pouco a pouco e o tórax sofre pressão. Esta condição facilita o agravamento de pneumonia. É melhor prevenir com a vacina do que correr o risco de sofrer um quadro de piora dos sintomas ao contrair o vírus”, sugeriu.
Cuidados para gestantes
Há muitas informações falsas em circulação na internet. A Fuji informou que há uma declaração de que uma pesquisa sobre as vacinas mostrou que de 127 gestantes imunizadas, 104 sofreram aborto natural. Este tipo de informação é divulgada sem citação de fontes.
O médico Haruomi Kondo alertou que as gestantes podem se vacinar com tranquilidade e explicou quais são os verdadeiros cuidados que devem ser tomados na gravidez.
“As grávidas devem tomar a vacina depois de entrar na 13ª semana de gestação. Após tomar a dose, é possível que ocorram efeitos no primeiro dia, como uma febre leve. Não é recomendado tomar a vacina no início da gravidez ou quando estiver próximo do parto”, aconselhou.