Sakai – Na semana passada, a notícia de um crime brutal horrorizou o Japão e causou especial impacto na comunidade brasileira: Manami Aramaki, de 29 anos e a filha Lilly, de 3 anos, foram assassinadas em casa. O principal suspeito é o marido brasileiro, Anderson Robson Barbosa, de 33 anos, que foi ao Brasil logo após o crime.
A família morava na cidade de Sakai, onde há uma pequena comunidade brasileira na província de Osaka. Publicações em redes sociais sugerem que Anderson, que é natural de Londrina no Paraná, já estava na cidade pelo menos desde 2012, há dez anos.
A investigação policial na última semana conseguiu documentar os passos de Anderson após a morte da esposa e da filha. Ele teria ido de bicicleta até a estação de Hatsushiba, a 1 quilômetro de casa, deixado a bicicleta nos arredores e pegado o trem. O brasileiro passou pela Estação de Namba na cidade de Osaka e viajou até o Aeroporto de Narita, em Tóquio.
A polícia não sabe se Anderson voltou ao Paraná ou se está em outra localidade no Brasil, mas segue investigando com urgência e tomando medidas para que as autoridades locais efetuem a prisão. A polícia também divulgou um número de telefone para contato caso alguém tenha informações: 072-362-1234.
Não se sabe onde ele está, mas o brasileiro tem acessado suas redes sociais. Depois da divulgação do crime, muitos internautas deixaram mensagens revoltadas no perfil do Facebook atribuído ao suspeito. Mas os comentários foram apagados e a função de deixar comentários foi desativada.
Pelas redes sociais, o brasileiro também chegou a conversar com jornalistas japoneses e respondeu conhecidos. Em um print de uma conversa que foi divulgada, ele teria dito que matou a esposa porque ela teria matado a filha e que estava “incomodado” com os julgamentos.
Segundo uma reportagem da emissora Fuji, Anderson foi contatado para uma entrevista e respondeu que “não estava em condições de falar” e reforçou que “não tinha matado a filha”, negando parte das acusações.
No entanto, os amigos de Manami deram um outro relato. Em entrevista para a MBS, um amigo disse que ela estava pensando em se divorciar, o marido não ajudava a cuidar da filha e eles estavam brigando muito.
A autópsia mostrou que Manami e a filha levaram mais de dez facadas. Elas foram encontradas em um quarto depois que familiares de Manami não conseguiram entrar em contato e chamaram a polícia. Uma faca suja de sangue estava perto dos corpos quando a polícia invadiu a casa.
Na manhã do crime, Anderson tomou mais uma atitude suspeita: ligou ao trabalho e disse que tinha sofrido uma fratura em um acidente e teria que se ausentar por duas semanas. Imagens de câmeras de segurança coletadas pela polícia mostram que ele estava bem.
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Depoimento de amigos e fuga ao Brasil
De acordo com uma matéria da emissora Fuji, amigos e antigos conhecidos de Anderson, que moram no Paraná, deram relatos e se mostraram em choque com o assassinato.
Um amigo disse que ele “não tinha uma personalidade ruim” e outro amigo comentou que estava “muito chocado” e que não podia acreditar na notícia. “Se ele realmente fez isto, espero que pague pelo o que fez”, disse. Os nomes não foram revelados.
A fuga para o Brasil não pode ser revertida, ainda que Anderson seja julgado e condenado. Não há um tratado de extradição entre os dois países e a constituição brasileira não permite que um nacional seja extraditado para um país estrangeiro, ainda que tenha cometido um crime grave em outro território.
Mas ele poderá ser julgado e condenado pelas leis brasileiras por um crime cometido fora do país. Entretanto, a condenação pode ser mais branda, considerando as diferenças dos dois sistemas e o fato de que o Japão tem pena de morte e o Brasil, não.
Este não é o primeiro caso de fuga para o Brasil logo depois de um crime. Em 2006, o brasileiro Edilson Donizete Neves deixou o Japão depois de matar a então namorada, Sônia Ferreira e os filhos dela, de 10 e 15 anos, em Shizuoka. A condenação veio 12 anos depois, em 2018: Edilson foi sentenciado a 54 anos de prisão no Brasil.