Nara – Uma ucraniana que vive no Japão decidiu entrar com um processo contra a empresa em que trabalhava na província de Nara. Apesar da guerra na Ucrânia que trouxe refugiados ao Japão, o caso não é de agora, mas um problema no trabalho que começou em 2018.
Segundo uma reportagem do Jornal Asahi, a mulher, de 27 anos e que não teve o nome revelado, firmou o contrato para trabalhar no escritório de uma transportadora em agosto de 2018. A transportadora tem sede em Tóquio, mas o escritório era em Nara.
O assédio moral teria começado em janeiro de 2020. O processo indica que ela teve o direito das férias remuneradas negado e passou a ser repreendida e sofrer com ofensas do chefe do setor. “Era chamada de vira-lata, diziam para eu voltar logo para a Ucrânia”.
O assédio se transformou em um quadro de depressão em maio de 2021. A ex-funcionária entrou com o processo na Corte de Nara e pede ¥5,5 milhões de indenização pelos danos morais.
Em uma coletiva de imprensa, ela comentou como se sente com o caso que a levou a correr atrás de justiça.
“As palavras que eu ouvi naquela época ainda estão ressoando no meu coração. Não importa quantos anos passem, eu nunca vou esquecer”, comentou.
A transportadora foi contatada para dar uma declaração sobre o caso, mas um representante disse que ainda não teve acesso ao conteúdo do processo e não podia comentar.
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Caso de assédio depois da guerra
A ucraniana já estava no Japão muito antes de a Rússia invadir a Ucrânia e iniciar a guerra em fevereiro deste ano. Por isto, não faz parte do grupo de famílias refugiadas do país europeu que chegaram ao Japão recentemente para recomeçar a vida e esperar que a paz e a segurança voltem ao país de origem.
Mas em abril deste ano, a mesma ucraniana que abriu processo contra a distribuidora sofreu outros episódios de assédio e desrespeito por causa da guerra. Ela solicitou que não fosse envolvida em atividades de negociações com clientes ou empresas russas e um e-mail que a acusava de “escolher o trabalho que queria fazer” foi espalhado por todos os funcionários.
Ela também teria ouvido colegas falando alto o suficiente para que ouvisse que “a Ucrânia também era ruim na situação da guerra”.
“Meu irmão mais novo foi alistado ao exército por causa da guerra e eu fiquei muito chocada com o que eles diziam”.
Ela disse ainda que chegou a pedir que o chefe que cometia assédio fosse afastado ou transferido de setor, mas teve o pedido negado. O contrato terminou em julho deste ano e ela não renovou, deixou a empresa e tomou as providências do processo.
Não há informações sobre quando o caso será julgado na Corte de Nara.