Tóquio – O Japão está longe de normalizar a amamentação em público, ainda mais com o risco de mães com crianças pequenas se tornarem vítimas de maníacos. Em shoppings ou loja de departamentos, é comum que tenha uma sala privada para que a mulher se sinta à vontade para alimentar seu bebê, mas nem sempre este ambiente é seguro.
Uma japonesa chamada de Umeyu contou sua história trágica em uma publicação no Twitter (@UmEyu_mmt). Ela estava em uma loja de departamento com a filha de 4 meses quando foi atrás da sala privativa para amamentar a menina.
A sala era no fundo do prédio e havia um homem sozinho por perto, mas Umeyu não se importou com a presença dele. Ela entrou no espaço e encontrou cabines divididas por cortinas frágeis.
“Não há como saber se alguém está ocupando o espaço ou não, então enquanto você amamenta, é comum que outras mães abram a cortina sem querer. Mas elas fecham rápido e seguem atrás de um espaço vago”, contou.
Umeyu não costumava se importar muito com isto e disse na publicação que normalmente não olhava quando abria a cortina. Mas neste dia, algo aconteceu. O homem que estava por perto da sala entrou depois, abriu a cortina e não foi embora.
O medo na sala de amamentação
A japonesa contou que quando percebeu que a pessoa que abriu a cortina não fechou, olhou para ver quem era. O homem estava lá, parado, encarando-a enquanto a bebê tomava o leite no peito.
“Eu disse para ele que aquele lugar era uma sala de amamentação e que homens não podiam entrar, mas ele não disse nada. Ele ficou parado, apenas me fitando. A sala era isolada e eu estava sozinha, se gritasse ninguém ia ouvir”, relembrou.
Ela pegou o celular e pediu ajuda aos familiares que estavam em outro andar do prédio e mesmo assim, o homem não saiu da sala, não parou de olhá-la e não disse nada. Quando o tio apareceu, o suspeito tentou fugir pela escada de emergência, mas foi pego no meio do caminho.
A polícia foi acionada e o homem foi preso. Na delegacia, ele disse que tinha muito interesse em amamentação.
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Segurança nos espaços para mães
O caso reuniu mais de 55 mil reações no Twitter e outras mães comentaram de situações parecidas e momentos que se sentiram inseguras nestes espaços. Umeyu conta que sentiu um impacto positivo ao compartilhar sua história.
“Uma pessoa comentou que deixou na caixa de sugestões do shopping perto de casa a ideia de melhorar a segurança do espaço de amamentação e no dia seguinte, recebeu uma ligação dizendo que botões de emergência seriam implementados nas cabines.
Uma ideia é inserir esses botões ou mesmo as mães andarem com um alarme para o caso de passar por uma situação de risco. Mas Umeyu também acredita que há outras formas de garantir a segurança durante a amamentação em espaços públicos.
“As cabines poderiam ser fechadas com a possibilidade de trancar a porta ou pelo menos ter uma cortina velada, de tal forma que as pessoas percebam que está ocupado antes de tentar entrar”, comentou.
A experiência com a sala sem nenhuma segurança acabou sendo traumática e o medo de sofrer algo parecido de novo ou pior permanece.
“Mesmo 10 dias depois eu continuo tendo pesadelos com aquele homem. Eu senti muito medo e sofri um dano emocional forte. Minha filha ainda é bem pequena, espero que não tenha ficado traumatizada também”, disse.