Tóquio – Tóquio é uma das cidades mais caras do Japão e o custo de vida é alto para quem paga aluguel, luz, gás e outras despesas. Um apartamento não muito grande pode sair na faixa de ¥100 mil ou passar disso sem dificuldades e para viver bem na capital japonesa, é preciso ter um bom salário.
Mas Michiro Kubota*, uma japonesa de 37 anos, deu um jeito de ter uma vida de baixo custo em Tóquio. Ela contou em uma reportagem do portal Gendai Business que, desde os 22 anos, quando saiu da faculdade, vive na casa de homens diferentes e nunca precisou pagar um aluguel.
A reportagem tratou o caso como um tipo de “parasitismo” e uma vida de alto risco, vivendo às custas de pessoas que não são muito íntimas ou conhecidas e sempre com o risco de acabar na rua.
Mas de alguma forma, Michiro sempre se safou. Ela se acostumou com este estilo de vida aos 22 anos, masterizou sua sobrevivência em casas diferentes e 15 anos depois ainda conseguia manter o estilo de vida, sem nunca ficar desabrigada ou sofrer uma experiência traumática.
“Eu fui dando o meu jeito e funcionou, aliás funciona até hoje. Eu não tenho casa e me viro assim. Acho que sou bonita e por isto quando estou com problemas, não tenho dificuldade nenhuma para encontrar um homem pronto para me ajudar”, justificou.
Michiro não é seu nome verdadeiro, ela deu entrevista sem revelar a identidade. Mas a reportagem frisou seus atributos: a japonesa não aparenta ter muito mais de 30 anos, tem um rosto com traços delicados e uma beleza natural, seus dentes são bem brancos e se destacam quando ela sorri.
A aparência pode ter favorecido, mas não sem uma boa dose de astúcia, coragem e capacidade de se relacionar bem com outras pessoas.
“Nos quatro anos de faculdade, eu saí da casa dos meus pais em Miyagi e tive uma moradia própria. Mas depois, eu fracassei quando tentei arrumar um emprego e comecei a trabalhar como autônoma. Não conseguia mais pagar o aluguel e então fui morar na casa do namorado que tive na época. Este foi o meu início nesta vida”, revelou.
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A dinâmica da vida em casas diferentes
A japonesa contou como funciona seu estilo de vida na prática e como tem feito para não acabar desabrigada, sempre encontrando um novo parceiro em potencial quando as coisas param de fluir com o atual.
“Eu vou para a casa da pessoa que estou me relacionando com uma mala e poucas roupas. Se a gente começa a se desentender e eu não quero ficar sem um teto, eu começo a procurar um novo parceiro para me mudar. É normal que eu comece a me envolver com dois ou três, mas escolho o que oferece melhores condições”, contou.
E ela considera vários pontos na hora de fazer uma escolha.
“Eu vejo qual é a localização e a prefiro na cidade de Tóquio mesmo porque se eu tiver um trabalho de meio período, o pagamento é mais alto. Quando estou sem dinheiro, vou para algum cabaré, mas tem que ser na capital para ganhar mais”.
E muitas vezes ela encontra os candidatos a dividir a moradia em Roppongi ou Aoyama, nas casas noturnas onde mulheres entram de graça. “Tem vezes que é algum cliente do cabaré. E não sinto nenhum arrependimento, eu sinto que estou fazendo um favor para muitos homens solitários e sem popularidade”, confessou.
Quando completou 28 anos, Michiro se sentiu cansada desta vida e tentou se estabilizar com uma pessoa só. Na época, conheceu um arquiteto que era dois anos mais velho.
“Eu estava envelhecendo e comecei a pensar em casamento. Já estava cansada de ficar mudando de cidade toda hora. Ele morava em Shibuya, era bem de vida para a idade e eu pensei que poderia construir uma casa ideal para mim no futuro, já que era arquiteto”, relembrou.
Durou algum tempo. Ela pode morar em um apartamento maior e bem localizado, ganhava presentes das marcas que gostava e não precisava se preocupar com as finanças. Mas o relacionamento acabou terminando.
“Foi uma vida feliz que não durou muito tempo”, lamentou. “A minha intenção de casamento não me fez mudar de vida e logo eu voltei para a mesma situação, continuei repetindo o que já fazia muito bem, morando de casa em casa e faço isto até hoje”.