Samegawa – Uma fazenda no vilarejo de Samegawa, em Fukushima, quis se livrar de toneladas de dejetos dos porcos, urina e fezes acumuladas e achou que a solução do problema estava em despejar os excrementos no Rio Tokusa.

O Rio Tokusa, que costumava ter uma água limpa e cristalina, passa por Samegawa e as cidades de Furudono e Iwaki, na mesma província. Estava tudo bem até abril deste ano, quando moradores locais e produtores agrícolas começaram a notar um cheiro ruim vindo do rio.

O cheiro podre se intensificou e a água de repente ficou turva. Agentes da prefeitura verificaram que os níveis de amônia estavam muito acima da média mesmo em uma distância de 2 quilômetros da fazenda. A contaminação correu por quilômetros no rio e os danos ambientais ainda estão sendo averiguados.

Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, agricultores que dependem da água do rio para as plantações de arroz já estão sofrendo as consequências. Muitas plantas estão murchando e houve uma proliferação de fungos que adoecem as plantas.

“A gente consegue produzir arroz branco mesmo com a presença de fungos nas plantas, mas na hora de produzir o arroz integral, acontece um esfarelamento. Precisamos muito da água limpa de volta”, lamentou um agricultor.

O agente de proteção ambiental de Samegawa, Kan’ichi Saisu, disse que o Rio Tokusa era o lar de espécies de peixes como o sculpin fluvial japonês e o salmão masu (yamame).

“Os peixes perderam seu habitat e os sobreviventes devem ter descido o rio em busca de um refúgio. Foi um ato de extrema irresponsabilidade”, comentou.

Leia também: Japão está na “temporada de carrapatos” e parasita pode levar à morte: especialista explica riscos e como prevenir

Como o incidente aconteceu

O prefeito de Samegawa, Masao Sekine, recebeu algumas explicações por parte da fazenda que cria porcos. O tratamento dos dejetos dos animais é regulamentado por lei e a fazenda em questão, tinha seis equipamentos destinados ao tratamento de fezes e urina dos porcos, mas quatro deles enguiçaram e ficaram interditados.

Isto gerou um acúmulo de material contaminado e não tratado, além de uma sobrecarga para os trabalhadores da fazenda. 

‘Eles explicaram que estavam com aquele material denso e contaminado em grande quantidade e então simplesmente jogaram no rio”, lamentou o prefeito.

Uma reunião foi realizada para explicar a situação do rio para a comunidade local e o dono da fazenda, Giichi Takahashi, compareceu. Ele pediu desculpas, disse que não foi um ato de má fé e que está disposto a fazer o possível para ajudar a resolver. Mas não apresentou nenhum plano concreto de revitalização do rio.

A província de Fukushima está cobrando um plano para recuperar o rio e os responsáveis pela fazenda devem enfrentar um processo judicial por crime ambiental.