Chiba – Os clientes que deixam o arroz sobrar na tigela acabaram irritando profundamente o dono de um restaurante de ramen na cidade de Narashino, em Chiba.
No Japão, é bastante rude deixar sobrar comida no prato e é comum que as crianças sejam incentivadas a comer até o fim e evitar desperdícios. Mas isto não é um hábito para todo mundo e quando já se está satisfeito, há quem opte por não comer mais.
No início do mês, Ryosuke Watanabe, dono do restaurante Yokohama Kakei Ramen Hasu, utilizou a conta oficial do estabelecimento na rede social X (antigo Twitter) para expressar a sua indignação e fez uma publicação bastante agressiva.
Junto com uma foto de uma tigela de arroz cheia e acompanhamentos deixados para trás por um cliente que foi embora, ele escreveu que desejava que a pessoa que fez aquilo “morresse”.
“Morra por favor, de verdade. Não ouse voltar aqui como se estivesse morrendo de pressa. Olhe a sujeira que você fez. Nunca mais venha aqui, seu lixo”.
A publicação repercutiu e incendiou uma polêmica. A conversa foi além do proposto sobre a conscientização do desperdício de comida e muitos usuários criticaram as palavras escolhidas. Os comentários diziam que ele não deveria usar tais termos para se referir aos clientes.
Ryousuke aceitou as críticas e acabou se desculpando por passar dos limites. Ele justificou sua indignação e contou um pouco da história do restaurante e a situação atual para a reportagem do portal Bengoshi News.
O restaurante em Narashino abriu as portas em junho de 2020, apesar da época difícil da pandemia. De início, os clientes podiam comer arroz livremente e de graça junto com o prato de ramen. A medida não visava nenhum lucro, apenas satisfazer os clientes.
Porém, o dono e os funcionários começaram a perceber que muitas pessoas deixavam o arroz sobrar. Enchiam a tigela e depois iam embora sem comer. Por causa do desperdício e da indignação, Ryosuke tomou uma medida: cobrar ¥100 para quem quisesse comer arroz, o que é a opção de 80% dos clientes.
“Eu acreditei que eles deixavam sobrar no prato porque era de graça e não se importavam, mas se tivessem que pagar, isto mudaria. Na realidade, nada mudou. Alguns clientes acham que justamente por estarem pagando estão no direito de deixar sobrar”, disse.
Em dezembro de 2020, ele chegou a fazer outra publicação no Twitter que também repercutiu e apareceu em um programa de televisão. Era um post mais leve, com o intuito de gerar consciência e falando das dificuldades de fornecer o alimento sem custo aos clientes e o custo provocado pelo desperdício diário.
Mas dessa vez, Ryosuke confessou que errou muito na escolha das palavras ao retomar o assunto na rede social.
“Essa publicação foi muito ruim é eu sou totalmente culpado. Usei palavras que não deveria usar e estou refletindo sobre isso agora”, disse.
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Multa pelo desperdício de arroz
O restaurante acabou tomando medidas mais severas para combater o problema e na polêmica gerada na rede social, alguns usuários deram sugestões. Houve gente dizendo que fornecer o arroz de graça era má ideia desde o início e que o estabelecimento deveria colocar placas nas paredes e cobrar uma multa para quem não comer tudo.
Mensagens de aviso foram preparadas e coladas nas paredes, dizendo aos clientes para não deixar sobrar. O desafio é pegar a quantidade ideal que quer comer e repetir se for necessário. Algumas placas também avisam sobre uma possível cobrança de multa caso o cliente pegue mais do que é capaz de comer.
“É mais uma fachada para desencorajar o ato e gerar consciência, mas na prática nunca cobramos multa de ninguém. Quem costuma deixar a comida sobrar no prato, segue fazendo isso, mas tem muita gente que come certinho e por causa desses clientes, vamos continuar oferecendo o arroz livremente pelo custo de ¥100 por pessoa”, disse Ryosuke.