Tóquio – O ano novo não começou nada bem para quem vive no Japão. Os fortes terremotos e tsunami na Península de Noto deixaram centenas de mortos, feridos e desaparecidos, além dos desabrigados.
Este é o ano do dragão de acordo com o horóscopo chinês e apesar das tragédias que abalaram o país na primeira semana do ano, as perspectivas para a economia do Japão são positivas, ao menos de acordo com os especialistas do Instituto de Pesquisa em Economia da Província de Shizuoka, na região central do país.
O último ano foi marcado por um deslize econômico que afetou bastante os cidadãos. Houve a alta do custo de vida, a desvalorização do iene, a falta de mão de obra e as influências da Guerra na Ucrânia na economia. Em dezembro, um escândalo de corrupção também desestabilizou o governo japonês e culminou na renúncia de quatro ministros.
Um dos motivos do alto custo de vida foi os ataques militares da Rússia na Ucrânia, o aumento do combustível e recursos naturais. As famílias no Japão viram as contas de casa aumentarem os preços e 32 mil alimentos, bebidas e itens do dia a dia ficaram mais caros nas prateleiras do mercado.
A situação parece desanimadora, mas os economistas estão prevendo uma melhora para este ano. Em entrevista para a Emissora Fuji, o economista e diretor do Instituto de Pesquisa em Economia da Província de Shizuoka, Jin Gaitomo, fez uma análise das perspectivas econômicas do Japão para 2024.
“O aumento atual do custo de vida se deve ao preço elevado dos recursos naturais e combustíveis e a elevação salarial relacionada à escassez de mão de obra, o que tornou os serviços mais caros. Até agora, houve uma “inflação de custos”, que é considerada ruim, mas a tendência é mudar para a “inflação de demanda”, que é positiva. Acredito que 2024 será marcado pela redução gradual do custo de vida, porém, ainda com timidez. O cidadão comum deve sentir que os preços ainda estão altos”, ponderou.
A desvalorização do iene
O Japão obtém muitos de seus recursos, como energia e matéria prima de alimentos de importações e a volatilidade das taxas influencia no custo de vida. De acordo com a reportagem, antes da pandemia, o dólar custava entre ¥105 e ¥115, mas a baixa dos juros nos Estados Unidos impulsionou o movimento de venda de ienes e compra de dólares.
Em outubro do ano passado, o dólar já havia subido para ¥150 e a situação atual sugere que a desvalorização do iene seguirá este ano, mas deve ocorrer uma melhora de acordo com o economista.
“A partir da segunda metade de 2024, o dólar deve baixar para algo entre ¥130 e ¥140. O motivo de acreditarmos que a desvalorização do iene irá recuar é a redução da diferença da taxa de juros entre o Japão e os Estados Unidos. Esta diferença deve cair e ficar em torno de 4%, o que ainda não é o suficiente para que a moeda japonesa se fortaleça, mas é uma melhora”, disse.
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O turismo e a economia do Japão
Os anos de pandemia causaram uma depressão no turismo no Japão, os viajantes estrangeiros não puderam visitar o país e isto também prejudicou a economia. O turismo recuperou sua força no ano passado, mas a crise da falta de mão de obra também trouxe prejuízos ao setor.
Hotéis e pousadas no estilo japonês não conseguiram suprir a demanda de reservas, ainda que tenham quartos vagos, por causa da falta de funcionários para dar conta do serviço. Para este ano, a expectativa é que o volume de turistas ainda supere os dados do ano passado e aqueça a economia do Japão.
“Com a redução da população em idade produtiva, a indústria não poderá mais continuar com o mesmo estilo de trabalho. Para contornar a falta de trabalhadores e seguir com a produção esperada, algumas medidas terão que ser tomadas, como a digitalização dos processos, serviços de automação e aumento da produtividade dos funcionários”, sugeriu.