Tóquio – A vida parecia entrar nos eixos para um casal que vive em Tóquio quando uma tragédia aconteceu e acabou tirando a vida do filho, um bebê de apenas 4 meses.
O bebê era Masaki, nascido em julho do ano passado, de acordo com uma reportagem da Emissora Fuji. Entre setembro e outubro, os pais começaram a buscar por uma creche que pudesse tomar conta com bebê a partir de novembro, mês em que a mãe iria voltar a trabalhar.
O casal contou que ficou bastante tempo procurando entre as creches regulamentadas pelo governo, mas não havia vaga em lugar nenhum e a fila de espera era longa. Sem sucesso e com o tempo apertado, eles incluíram creches não regulamentadas na lista e abriram o leque de opções.
Essas creches costumam ser mais caras por não ter subsídios do governo e não possuem as mesmas regras rígidas das creches oficiais. Por isso, é mais fácil que aconteçam incidentes ou acidentes com as crianças.
E infelizmente, acabou acontecendo. De acordo com a reportagem, a família conseguiu uma vaga na creche Bambino Nursery Room em Setagaya e matriculou o filho no fim do mês de novembro. Ele logo começou a rotina diária de algumas horas de creche. Mas poucos dias depois, no dia 13 de dezembro de 2023, acabou morrendo durante uma soneca.
A criança dormia de bruços e foi vítima da Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI), caracterizada por uma morte repentina e sem explicação de um bebê. Na maioria das vezes acontece enquanto a criança dorme de bruços e é assim que o menino estava quando um funcionário percebeu que havia algo de errado.
Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (7), os pais de Masaki contaram um pouco da dor da perda do filho e a revolta com a situação.
“Nós estamos nos lamentando muito por ter deixado o nosso filho ir para uma creche que não tinha medidas de segurança o suficiente. Parece que não importa o quanto a gente se lamente, nunca será o bastante”.
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O relatório sobre a morte do bebê
Um relatório sobre o óbito do bebê Masaki foi divulgado esta semana e conta que no dia do incidente, a creche Bambino Nursery Room cuidava de 5 bebês com menos de 1 ano, três bebês de 1 ano e uma criança de 2 anos. O chefe da equipe e mais dois funcionários com especializações na área tinham a responsabilidade de cuidar das 9 crianças.
Por volta das 14h do dia da tragédia, as crianças entraram no período da soneca, mas Masaki estava com dificuldade de se acalmar. Quando o relógio bateu 14h50, o chefe da equipe deixou o local temporariamente. Um dos funcionárias colocou o Masaki para dormir mais uma vez, mas por volta das 15h15, quando o chefe voltou, o funcionário já tinha percebido que algo havia acontecido com o menino. Eles chamaram uma ambulância e a morte foi confirmada.
Quando o dono da creche e os funcionários contaram aos pais de Masaki o que aconteceu com o filho deles, eles souberam que um dos funcionários, o que colocou o menino para dormir, era filho do chefe. Este rapaz explicou ao casal:
“O Masaki chorava muito e então eu o coloquei de bruços no colchão e ele parou de chorar quase que imediatamente”.
Não é recomendado deixar que bebês com menos de um ano durmam de bruços por causa do risco da morte súbita e asfixía. Mesmo assim, a creche tinha esse costume e o chefe chegou a dizer que essa posição era melhor por favorecer o sono.
Isto foi um grande motivo de lamentação dos pais, o fato de terem colocado o filho em um lugar com pouca atenção para a segurança das crianças.
“A gente não conseguiu uma vaga nas creches regulamentadas e precisávamos voltar ao trabalho, não houve outra escolha. Essas creches tem autorização da prefeitura do bairro e eu pensei que estava tudo bem, mas foi um engano. Eu desejo que o sistema melhore para que as famílias que precisam de creche possam colocar seus filhos em locais seguros”, disse a mãe de Masaki.