Tóquio – Pouca gente já ouviu falar na fasceíte necrotizante, uma infecção provocada pelo Streptococcus pyogenes, que também é conhecido como “bactéria devoradora de carne” (hito-kui bakuteria em japonês). Trata-se de uma doença grave, que surge repentinamente, se espalha pelo corpo e provoca a morte dos tecidos moles.
A doença pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade, mesmo jovens e saudáveis. Segundo o Ministério da Saúde do Japão, o aumento de casos no país tem se tornado preocupante. Em 2023, houve o registro de 941 pacientes, o que superou os 894 enfermos do ano de 2019.
O número de casos no ano passado foi o mais alto de todos os registros até agora, desde 1999 quando o governo japonês passou a armazenar as estatísticas anuais de doenças infecciosas.
O agente patogênico é o estreptococo do grupo A, o mesmo que causa a faringite estreptocócica, uma infecção na garganta de incidência comum em crianças. Segundo uma reportagem da agência de notícias Kyodo, o tipo fulminante começa com dores no corpo e febre, o quadro evolui rapidamente e pode provocar um choque e falência múltipla dos órgãos.
Por causa da necrose dos membros, que normalmente acontece entre os braços e pernas do paciente, o agente foi batizado como bactéria devoradora de carne.
Os dados do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas mostram que, em dez anos, o número de pacientes no Japão aumentou em 3,5 vezes. Nas duas primeiras semanas de janeiro deste ano já foram 87 casos registrados. No ano passado, as autoridades de saúde perceberam um aumento especial de casos de pessoas que sofreram a faringite estreptocócica e foram afetadas pelo estreptococo do grupo A.
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A infecção pela bactéria
De acordo com uma reportagem da Emissora Fuji, a infecção normalmente começa por uma pequena ferida nas mãos ou pés. O médico do Hospital da Universidade de Medicina de Kansai, Naoyuki Miyashita, explicou que há dois tipos de incidências e a população deve ficar atenta aos primeiros sinais.
“Há dois caminhos para a infecção, o primeiro é a infecção por gotículas e o segundo é por contato direto. O mais comum é a entrada do agente patogênico por uma ferida no corpo. Por exemplo, uma criança normalmente carrega o agente infeccioso e ao falar ou tossir, a bactéria pode entrar na ferida”, explicou.
Se houver alterações na pele após um ferimento, inchaço e calor, é necessário procurar um médico rapidamente, pois a bactéria tem evolução rápida. Pessoas com baixa imunidade, doenças crônicas e com mais de 30 anos de idade tem mais possibilidades de sofrer com a infecthição.
“Para prevenir, sempre lave os ferimentos imediatamente e proteja com um band-aid. Mesmo depois de esterelizar a ferida, sempre há risco de a bactéria entrar por ela, por isso é importante proteger. Infelizmente é difícil de perceber no começo e os pacientes só procuram ajuda quando começam a sentir sintomas em todo o corpo. Se perceber alteração na pele, procure um médico com urgência, pois a evolução do quadro acontece em horas”, alertou.