Mesmo com a vasta variedade de temas explorados em filmes, animações, animes e séries, “Ruptura” se destaca como uma das produções mais inusitadas que já vi. A série aborda a vida dupla de Mark Scout (Adam Scott), que passa por um procedimento que divide sua personalidade em duas, uma exigência da empresa Lumon onde trabalha. O procedimento é introduzido desde o início, mostrando que todos na empresa têm suas vidas divididas entre o pessoal e o profissional, sem que essas esferas colidam em momento algum.
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Mais do que isso, eles sequer se lembram de quem são, de seus pais e até mesmo do local onde vivem. A “Ruptura” é tão utópica que parece perfeita, mas não é.
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A Ruptura da realidade
Existem vantagens no procedimento, como a falta de conhecimento sobre a vida profissional, a rapidez entre entrar e sair do trabalho, e o salário que parece ser pago apenas devido à “Ruptura”. Mesmo essas vantagens podem parecer estranhas, pois você recebe bônus quando se machuca, com uma explicação breve, limitada ou até falsa do ocorrido. E não menos importante: você teria horas para esquecer quem você é, caso leve uma vida problemática.
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Além disso, a série aborda alguns pontos importantes sobre o procedimento que parecem sem explicação, levando-nos a refletir sobre os problemas éticos por trás dele.
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Quem eu sou?
Apesar das vantagens serem apresentadas como bônus pela empresa, há um vácuo sobre o que realmente ocorre nela. Para Mark S., o profissional, a vida parece estar melhorando, pois ele é treinado para ser gerente de sua estação de refinamento de macrodados. Sua mudança ocorreu de forma abrupta, e ele precisa treinar uma nova funcionária para ocupar o cargo que deixou. Mesmo dentro da empresa, não fica claro o que eles fazem, apenas olhando números em um computador antigo e procurando por aqueles que parecem ser “assustadores”. Uma tarefa simples, que parece esconder algo.
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Ao observarmos os funcionários da divisão de refinamento de macrodados andarem pelo prédio, fica evidente o quão grande e espaçoso é o local. Os setores são separados por longas caminhadas por corredores brancos e vazios. É impossível encontrar alguém por eles, a menos que estejam fazendo algo inapropriado.
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A veneração da empresa
Além da estranheza inicial que deixa o espectador incomodado até o final do primeiro episódio, cujo gancho é absurdo o suficiente para prender sua atenção na série, percebemos que a Lumon criou um culto ao redor de seus fundadores e CEOs. A empresa existe desde o final de 1800, e vemos quadros e canções sobre eles. Parece que a “Ruptura” precisa de algo maior para ser sustentada, e esse culto é difundido e apreciado, com o livro de regras da empresa tornando-se uma escritura sagrada para alguns funcionários, que o veneram e tiram lições dele. Vale lembrar que esses funcionários “rompidos” nunca leram um livro fora da empresa em suas vidas.
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A série é poderosa, pois pode provocar aversão devido à estranheza dos eventos apresentados, mas ao mesmo tempo, consegue prender o espectador e fazê-lo devorar os nove episódios disponíveis na Apple TV.
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