Tóquio – O serviço de cuidadores de idosos está cada vez mais requisitado no Japão e apesar da alta demanda e pouca mão de obra, as condições de trabalho e salário não melhoram.
O portal Career Connection, que faz publicações sobre trabalho, divulgou a história de Hiroyuki Tamada (nome fictício), na faixa de 40 anos, que vive em Tóquio, possui licença para cuidar de idosos e atua na área, mas aponta incompatiblidade do salário com a função.
“Trabalho em uma instituição de idosos em Tóquio e a vaga dizia que o salário chegava a ¥300 mil. Só que para receber esse salário é preciso ter licença de cuidador e enfermeiro e trabalhar 14 horas no plantão noturno, intercalando com o serviço diurno”, disse.
Hiroyuki também falou sobre o treinamento e as horas extras gratuitas. No fim das contas, o salário fica bem abaixo do esperado, apesar da qualificação e responsabilidade com os idosos.
“O treinamento é hora extra gratuita, bem como os eventos da instituição, como a festa de fim de ano. Se você não participa, isso influencia negativamente na possibilidade de ganhar bônus. No fim das contas, mesmo com licença para cuidar de idosos, o salário mensal fica entre ¥150 mil e ¥170 mil”, contou.
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Faltam cuidadores de idosos no Japão
Tendo em vista a necessidade de mais cuidadores de idosos atuando no Japão, o governo incluiu a profissão “kaigo” (cuidador de idosos) na lista das 14 áreas profissionais abrangidas pelo Visto de Habilidades Específicas, que entrou em vigor em abril de 2019.
O governo esperava receber 5 mil cuidadores de idosos estrangeiros no primeiro ano do visto, mas a pandemia impactou a vinda de trabalhadores e até maio de 2021, apenas 2.297 profissionais estrangeiros estavam atuando no país.
Por causa das restrições de viagens, muitos estrangeiros que estavam para vir ao Japão em 2020 e 2021 para atuar como cuidadores de idosos não conseguiram entrar no país, o que agravou a situação.
Atualmente, os contratados são, no geral, pessoas que entraram no país como estudantes de programas de intercâmbio ou estagiários do governo.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social, há 3,8 vagas para cada trabalhador que busca um emprego como cuidador. A alta demanda pelo serviço pode fazer com que a área pareça atrativa, mas as condições e salários baixos alertam para a necessidade de melhorar as ofertas de emprego.